Uma relação ambivalente

Uma relação ambivalente
Da identidade absoluta à oposição total, a relação tensa entre filosofia e psicanálise constitui um dos traços fundamentais da obra de Lacan Richard Theisen Simanke Lacan foi um teórico da psicanálise que se notabilizou pela importância que concedeu à filosofia. Suas referências filosóficas são superabundantes, as mais diversas tradições da filosofia encontram-se representadas em seus textos e em seus seminários, num desfile de nomes ilustres convocados à discussão dos mais variados tópicos da teoria psicanalítica. Esse index nominorum impressiona por sua extensão e variedade: podemos aí encontrar, em posição de destaque, Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino, Descartes, Pascal, Kant, Hegel, Kierkegaard e Heidegger, para ficarmos apenas com os mais famosos. No entanto, a atitude de Lacan para com a filosofia está longe de ser desprovida de ambigüidades. Ao lado desse recurso constante às idéias filosóficas, pelo qual procura esclarecer as questões mais espinhosas da teoria, podemos encontrar, por exemplo, uma reiteração de recusa da filosofia como uma forma de pensamento inadequada para a abordagem do inconsciente, tal como já acontecia com Freud. Lacan resgata, inclusive, a célebre comparação que Freud propôs entre os sistemas filosóficos e os delírios paranóicos, como uma maneira de enfatizar o caráter “patológico” da especulação metafísica, em seu esforço de construir, pelo simples exercício da razão, uma explicação abrangente da totalidade do real. Podemos, de modo geral, discriminar três atitudes bási

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