Tela desigual
A diretora Sofia Coppola no set de 'O estranho que nós amamos' (Reprodução)
A ocupação dos espaços no universo da produção audiovisual parece seguir a lógica “natural” da meritocracia – ou de quem tem mais poder político ou financeiro – para tomar as posições de chefia no cinema e na televisão. Mas por trás da aparente normalidade, persiste uma desigualdade gritante entre espaços, salários e oportunidades dadas a homens e mulheres, um fosso que é mero reflexo de quase todas as outras atividades econômicas do mundo. E se as mulheres não gritam mais alto para mudar o barco de direção, o tempo sedimentará ainda mais a sensação de normalidade.
No Brasil, esse barco foi chacoalhado no final do ano passado, quando os cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira foram banidos por um ano da Fundação Joaquim Nabuco, reduto dos cinéfilos de Recife, após serem acusados de desqualificaram o filme da diretora Anna Muylaert, Que horas ela volta?, e a atriz Regina Casé. Foi o estopim para a diretora bradar contra o machismo no audiovisual, e o tema voltou a ser fortemente discutido na imprensa. Nos eua, há até sites que coletam as bobagens e ofensas que as mulheres ouvem no cinema, como Shit people say to women directors (“merdas que as pessoas dizem para mulheres cineastas”). Lá, atrizes como Jennifer Lawrence (Jogos vorazes) – a mais bem paga de Hollywood na atualidade – liderou a discussão sobre a disparidade de salários entre atores e atrizes. Antes de Lawrence, Angelina Jolie era a atriz mais bem paga de Hollywood, mas ela ganhou, em 2013, US$ 33 milhões, contra US$ 75 milhões do ator mais bem pago daqu
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »