Socratismo e cristianismo em Kierkegaard

Socratismo e cristianismo em Kierkegaard
A morte de Sócrates, Jacques-Louis David, 1787 (Reprodução)
  Que Sócrates tenha sido admirado, louvado e também criticado em todo o pensamento filosófico é um fato incontestável. São inúmeros os pensadores que apreciam analisar a sua filosofia. Podemos nos lembrar aqui de Santo Agostinho e Erasmo de Roterdã, que buscam uma certa analogia entre sua figura e a figura de Cristo. Para tais autores, as semelhanças são muitas: ambos não deixam nada escrito, ambos possuem discípulos, ambos morrem de forma trágica e significativa. Contudo, além da admiração e louvor, há também o lado da crítica ao pensador. Nietzsche, por exemplo, vê na figura de Sócrates um sintoma da decadência grega e de uma espécie de pré-moral do cristianismo. Num primeiro exame, a leitura kierkegaardiana de Sócrates parece se encaixar na mesma perspectiva de Santo Agostinho e de Erasmo, ou seja, trata-se de uma tentativa de analogia entre Sócrates e Cristo. Entretanto, ainda que apresente algumas afinidades com essas interpretações, a leitura de Kierkegaard acerca do pensador possui singularidades específicas e pretende não apenas notar o que há de semelhante entre ele e Cristo, mas também aquilo que há de dessemelhante, isto é, explorar as diferenças como pontos significativos. Sócrates será uma figura marcante no decorrer de toda a obra kierkegaardiana, sendo seu acompanhante e interlocutor do primeiro ao último momento. Tanto nas obras assinadas pelo próprio Kierkegaard como nas obras da estratégia pseudonímica, o filósofo ateniense sempre está presente. Contudo, não se trata de uma mera constatação onomást

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