Privado: SOCIEDADE FISSURADA – PARA PENSAR AS DROGAS E A BANALIDADE DO VÍCIO – CONVITE SP

Privado: SOCIEDADE FISSURADA – PARA PENSAR AS DROGAS E A BANALIDADE DO VÍCIO – CONVITE SP

DIA 23/08/13 LANÇAREMOS “SOCIEDADE FISSURADA” EM SP, NO ESPAÇO REVISTA CULT, ABAIXO O CONVITE PARA O DEBATE COM AS AUTORAS E O HENRIQUE CARNEIRO:

Apresentação

O que chamamos de “drogas” em nossa sociedade é o lugar de um tabu. Um dos sentidos do tabu, vale lembrar, alude a algo inabordável e que, portanto, supõe uma série de proibições. Não é à toa que os debates em torno da questão das drogas se realizem de modo tão restrito. Proliferam as falas prontas, cheias de ódio ou medo, mas pouco se pensa sobre elas. A reflexão séria, aquela que envolve análise crítica e desmistificação, compreensão histórica e social do fenômeno da toxicomania nas suas diversas modalidades, perde espaço para as “verdades” religiosas, pseudo-científicas ou moralistas que agradam tanto o senso comum, quanto os donos do poder no âmbito do que costumamos nomear como “drogas”.

As drogas são o centro de um poder importantíssimo em nossa cultura. Por isso, tantos tentam dar a última palavra sobre elas. Parar para pensar a história e o significado da expressão “drogas” é uma das intenções desse livro. O objetivo é libertar o pensamento da sua própria ignorância e da prepotência geral dos julgamentos morais sobre sujeitos envolvidos com drogas. Promover a reflexão séria que leve em conta o sistema social e os dispositivos de poder que capturam indivíduos contribuindo para colocá-los à serviço das drogas em processos de comprometimento subjetivos muitas vezes nefastos é outro dos alvos que pretendemos.

Sabemos que a leviandade do jargão “contra as drogas” tão presente entre nós nas últimas décadas, manifesta um grande desentendimento. Aquele que impede de falar da questão objetivamente e sem moralismos, levando em conta prazeres e sofrimentos nela implicados. Com este livro, pretendemos, portanto, olhar para o tema de frente, com sinceridade e honestidade. Conscientes de que a violação de um tabu não se dá sem que o próprio violador seja ele mesmo transformado em tabu. Em outras palavras, assumimos o risco de, ao procurarmos desmistificar  as drogas enquanto objeto-tabu, sermos acusadas de realizar sua apologia. Nada mais previsível. O perigo, se de fato há, vale a pena quando se quer abrir o jogo da caça às bruxas que alimenta o poder.

Com a expressão “Sociedade Fissurada” quisemos abrir novas janelas para olhar o universo das drogas e também do que entendemos como vícios ou toxicomanias, nos distanciando do trivial, do mero emprego de categorias patológicas estanques. Procuramos abordar e compreender estes fenômenos como legítimos frutos de nosso tempo,  como parte constitutiva de nossa sociedade da forma como ela está atualmente organizada.

A discussão sobre o caráter “fissurado” da sociedade, tomado aqui como núcleo capaz de elucidar o estado da questão, remete à necessidade de pensar mais e mais sobre o tema. Tema espinhoso à medida em que convoca o pensar sobre aquilo com o qual a sociedade não é muito afeita a se haver: as questões que lhe são próprias, a fissura da qual padece.

A reflexão é o que falta em uma “Sociedade fissurada” que é fissurada justamente por ausência de reflexão. O convite à leitura e ao pensamento crítico está feito na espera da honestidade também do leitor.

Marcia Tiburi e Andréa Costa Dias

(1) Comentário

  1. Preciso perguntar: por que vocês escolheram o termo sociedade fissurada e não compulsiva? Pela palestra que eu assisti, isso que é chamado de fissura por açúcar, drogas, álcool ou qualquer outra coisa parece um quadro de compulsão. Eu sei que você se importa muito com as terminologias, então o que difere uma da outra? Por que uma é não a outra? Uma abrange a outra?

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