Sobre Norberto Bobbio

Sobre Norberto Bobbio

“Cultura é equilíbrio intelectual, reflexão crítica, senso de discernimento, aborrecimento perante a qualquer simplificação, qualquer maniqueísmo, qualquer parcialidade“ 
Norberto Bobbio

Norberto Bobbio nasceu em Turim, em 18 de outubro de 1909, filho de uma família burguesa tradicional. Seu pai, Luigi Bobbio, era médico-cirurgião e o avô, Antonio Bobbio, professor e diretor de escola, um católico liberal que se interessava por filosofia e colaborava periodicamente com os jornais. Iniciou-se na leitura de textos de Bernard Shaw, Balzac, Stendhal e Thomas Mann, dentre outros. Foi amigo de infância do escritor Cesare Pavese, com quem lia os clássicos em inglês.

Em sua Autobiografia, diz: “Fui educado a considerar todos os homens iguais e a pensar que não há nenhuma diferença entre quem é culto e quem não é culto, entre quem é rico e quem não é rico.” E continua: “Recordei essa educação para um estilo de vida democrático, mas confesso ter-me sentido pouco à vontade diante do espetáculo das diferenças entre ricos e pobres, entre quem está por cima e quem está por baixo na escala social, enquanto o populismo fascista tinha em mira arregimentar os italianos dentro de uma organização social que cristalizasse as desigualdades”.

Considerado por muitos como a consciência democrática da política de seu país, participou ativamente da resistência a Mussolini e ajudou a estruturar a política italiana do pós-guerra.

Norberto Bobbio praticamente viveu o século 20 por inteiro. Formou-se em Direito em 1931 e em Filosofia em 1933, na Universidade de Turim, instituição da qual foi professor de Filosofia do Direito, entre 1948 e 1972, e de Filosofia Política, de 1972 a 1979. Em 1935, tornou-se livre-docente em Filosofia do Direito e, desse ano até o retorno à cidade natal, ensinou nas universidades de Camerino, Siena e Pádua. Seu interesse pelo Direito e pela Filosofia e, ainda, pela história das idéias levou-o a percorrer um trajeto acadêmico distinto do que era tradicional na Itália. Assim, ao lecionar Ciência Política com Filosofia do Direito, inaugura em Turim, paralelamente a Giovanni Sartori, em Florença, a primeira cátedra de Ciências Sociais da Itália.

Quando encerrou as atividades docentes, despediu-se com uma citação de Max Weber: “A cátedra universitária não é nem para os demagogos, nem para os profetas.” Dedicou as décadas seguintes à escrita, ao comentário político e ensaístico. Assumiu-se como observador e analista independente, incapaz de se acomodar a uma militância partidária que julga inibidora e desinteressante. Enfatizou sempre o compromisso dos homens de cultura com o diálogo. Colaborou com jornais e revistas por meio de ensaios, alguns dos quais estão reunidos em As ideologias e o poder em crise e no recente Cinquant’anni e non bastano. Scritti di Norberto Bobbio sulla rivista “Il Ponte”.

Norberto Bobbio foi o filósofo da democracia e um insuperável combatente em favor dos direitos humanos. É considerado um dos pensadores mais importantes do século passado. Manteve íntegra sua independência intelectual, mas esteve sempre aberto ao diálogo com os adversários e exerceu um importante papel de mediador, em nome da razão e da liberdade. Em 1984, em reconhecimento à sua trajetória, foi declarado professor emérito da Universidade de Turim e nomeado senador vitalício da Itália pelo presidente Sandro Pertini. Morreu no dia 9 de janeiro de 2004, em Turim, aos 94 anos. Deixou para o pensamento político e para a Filosofia do Direito uma das maiores obras teóricas de caráter universal e um legado intelectual de aproximadamente cinco mil títulos.

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