Seis teses sobre as teses
Autômato jogador de xadrez do século 19 que inspirou Benjamin em uma de suas teses (Reprodução)
O texto de Walter Benjamin, “Sobre o conceito de História”, também chamado de “Teses de filosofia da História”, é bastante conhecido pelo público brasileiro. Por ocasião da publicação do livro de Michael Löwy (Walter Benjamin: aviso de incêndio, Ed. Boitempo, São Paulo, 2005), que o comenta demoradamente, ganhou uma terceira tradução para o português. Gostaria, nesta pequena apresentação, de oferecer ao leitor alguns elementos de orientação nessas páginas ao mesmo tempo herméticas e fulgurantes.
I – Publicado pela primeira vez em 1942, em um número especial em homenagem a Benjamin da Revista do Instituto de Pesquisa Social, esse texto póstumo não tem versão definitiva. Existem vários manuscritos com número variável de teses. Essa situação reflete o fato de que Benjamin nunca cogitou publicá-lo tal qual quando o escreveu. Ele sabia muito bem que essas “teses” se prestariam a vários “malentendidos entusiasmados”, como escreveu em uma carta a Gretel Adorno: esses malentendidos não tardaram a aparecer quando foi finalmente editado. Para Benjamin, as “teses” não têm nenhum caráter definitivo, não são um credo dogmático, mas oferecem, à ocasião, um balanço de pensamento e, mais ainda, umas “hipóteses” de pensamento, para não desesperar.
II – Para não desesperar em uma situação de urgência política e histórica que representavam a vitória do nazismo na Alemanha e, mais especifi camente, o pacto de não-agressão assinado entre Stalin e Hitler em agosto de 1939. Exilado em Paris desde 1933
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