Romantismo alemão

Romantismo alemão

Na segunda-feira (12), o filósofo e escritor alemão Rüdiger Safranski participa do lançamento de seu livro Romantismo, uma questão alemã (Editora Estação Liberdade). Na ocasião, ele debate com Márcio Seligmann-Silva, professor de Unicamp, e Teixeira Coelho, curador do Masp, acerca do movimento romântico e seus desdobramentos ao longo dos séculos.

Andreas Hassiepen
Safranski estudou em Frankfurt, sob orientação de Adorno

Nos anos 1960, Safranski estudou em Frankfurt, sob orientação de Theodor Adorno. Em seguida, defendeu uma tese, em Berlim, sobre a literatura alemã. Publicou diversos estudos sobre o Romantismo alemão (principalmente Hoffmann e Schiller) e sobre Schopenhauer, Nietzsche e Heidegger. A partir de 2002, anima o programa de televisão O quarteto filosófico, junto com Peter Sloterdijk. Na entrevista a seguir, concedida à CULT, Safranski fala da importância dos estudos alemães para o movimento romântico.

CULT – Com relação ao seu livro Romantismo – uma questão alemã. Trata-se de uma história do romantismo? Haveria alguma novidade metodológica ou de conteúdo que o senhor gostaria de destacar?
Rüdiger Safranski –
O livro trata da época do Romantismo por volta de 1800, uma das mais produtivas na história da cultura alemã. Foi uma revolução de pensamento – sem revolução política, que não era possível naquela antiga Alemanha. O segundo grande aspecto: a sobrevivência de uma postura mental/do pensar que pode ser chamada de “romântica” e ultrapassa a época do Romantismo. Uma sobrevivência que perdura até o Séc. 20 e que também entrou em ação na Revolução de 68, por exemplo. Romântica é, por exemplo, a exigência levantada em 1968: “Imaginação no Poder!”. O movimento “verde” de proteção ao meio ambiente continua vivo nos dias de hoje devido à tradição do amor à natureza.

CULT – Por que caracterizar o romantismo como uma questão alemã? O senhor aceita a existência de um romantismo inglês, por exemplo?
Safranski –
É claro que houve um Romantismo inglês, já em meados do século 18. Romântico era o sentimento profundo pela beleza da natureza, a ideia do “parque inglês”, o sonhar com o passado, a cultura em volta de ruínas, histórias de fantasmas etc. E houve um Romantismo francês, e certamente existe um Romantismo sul-americano: o “Realismo mágico” de Márquez certamente leva traços românticos também. Mas na Alemanha o Romantismo atingiu seu ápice, tornando-se então exemplo em outros países. Mas acima de tudo esse movimento resistiu, e influenciou até os dias atuais, a cultura alemã no bom como no mau sentido. Por isso coloquei o subtítulo “Uma questão alemã” no livro. Para fazer pensar na ambivalência.

CULT – Como o senhor avalia a experiência de conduzir, com Peter Sloterdijk, o programa de televisão O quarteto filosófico? Isso o fez pensar de forma diferente sobre temas clássicos? O senhor defende um engajamento do intelectual?
Safranski –
Peter Sloterdjik e eu somos amigos há 30 anos e certamente nos instigamos mutuamente. Mas realmente trabalhamos em empreendimentos muito diferentes e a minha paixão por assuntos e figuras “clássicas” é mais antiga do que essa amizade. O trabalho conjunto na TV é uma oportunidade maravilhosa de poder compartilhar assuntos atuais e políticos em sua companhia. Como somos uma dupla entrosada, o trabalho é muito prazeroso e eu aprendo muito. Dessa forma não nos trancafiamos em uma torre de marfim. Até mesmo Sócrates já filosofava em praças públicas de Atenas e por isso é bom voltar a filosofar em praças modernas – às quais também pertence a televisão! – nos dias atuais.

CULT – Que efeitos o senhor pôde verificar com seu livro? Que dose de mundialização o homem pode suportar? O senhor defenderia uma formação humanista do indivíduo?
Safranski –
Eu defendo a tese de que, com o crescimento e a ampliação das redes globais, é cada vez mais importante o indivíduo desenvolver uma enorme força própria para poder se afirmar nesse processo. É uma dialética: a globalização, por um lado, fortemente traz à tona o individualismo. A experiência que tive é de que essa tese encontra compreensão.

(por Juvenal Savian Filho)

Romantismo – Uma Questão Alemã
Rüdiger Safranski
Estação Liberdade
Trad.: Rita Rios
384 págs.
R$ 56

Lançamento do livro e debate com autor
Auditório do Goethe-Institut São Paulo
Rua Lisboa, 974 – Cerqueira César
12 de abril, às 19h
Entrada Franca

(1) Comentário

  1. Quando for comprar o livro que é muito bem elaborado, vale a pena comprar, notifique se não há nenhuma página em branco, pois algumas páginas em diversos capítulos do livro, ficaram sem o texto.

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