A Revolução Francesa, as direitas e as esquerdas: persistências

A Revolução Francesa, as direitas e as esquerdas: persistências
Detalhe da tela “O juramento do jogo da péla” (1791), de Jacques-Louis David (Reprodução)
  Direita e Esquerda: topologia e ontologia Direita, esquerda, conservador, reacionário e contrarrevolucionário: palavras-conceitos carregadas de considerável carga emocional e política. Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, tornou-se moda dizer que “direita” e “esquerda” caducaram – mas o funeral, como outros anunciados pelos triunfalistas dos anos 1990, não aconteceu. O falso enterro acabou sendo uma prova negativa da persistência desses conceitos. A díade política se apresenta espacialmente: direita e esquerda. Ora ela aceita a existência de um “centro”, ora ela o considera ilegítimo ou insincero. Isaiah Berlin considerava o liberalismo um campo “de esquerda”, pois se opunha à autoridade fundada na tradição (como temos incontáveis exemplos de liberalismos que conviveram promiscuamente com diversas violências herdadas do passado, somos levados a dizer que Berlin chama de “liberalismo” uma certa idealização que lhe agrada). Os usos políticos do passado, além disso, podem ocorrer pela esquerda ou pela direita: ao tratar da história dos camponeses alemães, o comunista Engels remetia às “tradições revolucionárias”, ao passo que o nigeriano Chinua Achebe recorre às tradições de seu povo como fonte para a própria luta cultural e política contra o colonialismo. Nas palavras de Sebastião Velasco e Cruz, isso ocorre porque “o termo ‘direita’ não remete a uma corrente de pensamento particular, nem a uma família de pensadores”. Logo, a topologia política não corresponderia a uma ontologia política,

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