Reverberações de Sartre

Reverberações de Sartre
O filósofo Jean-Paul Sartre (Reprodução)
  Em sua parábola “Diante da lei”, Franz Kafka constrói a história de um camponês que, impedido de ter acesso à Lei pelo seu guardião, morre na esperança de penetrar nos mistérios do direito. Assim como o juiz de O processo, a lei apresenta-se na parábola como algo superior, autônomo, inatingível. Demolir essa construção histórica é um dos objetivos do jurista e filósofo Silvio Luiz de Almeida em seu livro “Sartre: direito e política”. Fruto de sua tese de doutorado na USP, o autor reconstitui diversas fases do pensamento de Sartre para apontar a importância do direito nas ideias sartrianas de liberdade e política. Procura reconstituir o sujeito ontologicamente livre e indeterminado do filósofo francês para, assim, desnaturalizar as construções jurídicas e apontar sua falta de relação com qualquer ideal de justiça. Com três partes distintas, o livro de Silvio percorre a obra de Sartre como um todo, relacionando leituras filosóficas com análises históricas marxistas e posturas políticas. Na primeiro parte, o autor explora a ontologia do autor de “O ser e o nada”. Explora textos raros e pouco revisitados para lançar um olhar fenomenológico e existencialista sobre a questão da liberdade. É do sujeito potencialmente livre, existência antes de essência, que Silvio extrai considerações éticas e políticas. Na parte 2 Almeida adentra o Sartre marxista, conectando sua visão do materialismo histórico com a ontologia da primeira parte. Historiciza a existência desvelada na primeira parte, originando uma leitura ju

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