Recordação da violência e violência da recordação
Monumento contra o fascismo, Jochen Gerz e Esther-Shalev Gerz (Divulgação)
No Ocidente, a polÃtica da memória e a cultura da recordação pública experimentaram no século 20 uma transformação decisiva. Elas são cada vez mais caracterizadas, de acordo com minha primeira tese, por uma contradição constitutiva. Por um lado, as experiências de genocÃdios como o do Holocausto e o de Ruanda, bem como as perseguições durante diversas ditaduras militares na América Latina, são designadas como inconcebÃveis, inimagináveis e não apresentáveis; por outro, tornaram-se um fenômeno de mÃdia único. Contraposto a um movimento que pretende conservar a estranheza e a aura da singularidade dessas experiências (como a oral history), situa-se um processo midiático que acumula apresentação sobre apresentação e nos confronta com um mecanismo massivo de tornar habitual a rememoração. A terceira e a quarta gerações da recordação da Shoah – portanto aqueles interessados na história, que crescem na atual cultura da recordação – estão ligadas quase exclusivamente a essa segunda forma midiatizada da rememoração. A recordação da violência coletiva provoca também, portanto, um regime de recordação que cada vez mais obstrui e dissimula a experiência autêntica. A Shoah é certamente o primeiro genocÃdio que mostra claramente à s sociedades ocidentais a consciência com relação ao significado de polÃticas de memória e de mÃdias vinculado à mudança de gerações. Já há anos fala-se aqui, por um lado, de uma lenta despedida das testemunhas de época e das narrativas de vÃtimas diretas e, por outro, de uma transiÃ
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