Quem foi Frida Kahlo?
Ícone da cultura pop e da arte do século 20, a pintora mexicana Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, popularmente conhecida como Frida Kahlo (1907 – 1954), é lembrada por seus autorretratos, cores e a representação de dor e paixão. A artista deu especial atenção em seu trabalho à cultura mexicana, indígena e à representação feminina que fugia de estereótipos. Ao longo da vida, Frida pintou 143 quadros, dos quais 55 eram autorretratos.
As obras mais conhecidas têm ligação direta com a sua vida: O ônibus; Diego e eu; Autorretrato com colar; Hospital Henry Ford (a cama voadora); As duas Fridas; Autorretrato com cabelos cortados; A moldura, A coluna quebrada; Raízes, O veado ferido; Autorretrato dedicado a Leon Trotsky; Diego em meu pensamento e outras.
Apesar de ser considerada uma pintora surrealista, Frida negava fazer parte do movimento, afinal, seu trabalho não era sobre sonhos, ela pintava sobre a sua realidade. A artista foi influenciada pelo simbolismo e pelo realismo. Seus quadros tinham imagens fantásticas e muitas vezes impactantes.
Para explorar questões de gênero, classe e raça em sua arte, Frida desafiou o senso comum com uma vida transgressora dos padrões da época. Bissexual, além de usar roupas da moda masculina, ela fazia questão de manter um vistoso bigode e sobrancelhas grossas. Fumava, lutava boxe e topava desafios de tequila contra homens.
Em um retrato de família, por exemplo, a artista aparece vestida com roupas masculinas, em contraste com as irmãs e a mãe que usavam vestidos.
Outro aspecto que aparece em sua obra é o amor por animais. A artista tinha papagaios, cachorros e macacos-aranha.
Origens e dores
Em uma família com quatro irmãs, Frida era a terceira filha de um judeu alemão e uma católica.
Aos 6 anos de idade, a artista contraiu poliomielite infantil, doença responsável por encurtar uma de suas pernas e deixar uma lesão em seu pé direito. As dificuldades impostas por sua saúde não pararam na poliomielite: aos 18, Frida estava dentro de um ônibus que se chocou contra um trem. A adolescente fraturou a clavícula, espinha, pélvis e costelas. Em decorrência dos ferimentos, passou por 35 cirurgias e precisou usar colete ortopédico ao longo da vida
Nesse período, acamada por meses após o acidente, a artista começou a desenhar em seus próprios coletes ortopédicos e ganhou de seu pai um cavalete adaptado, no qual pintou os seus primeiros quadros.
Militância e amor
Apesar de ter nascido em 1907, ela costumava dizer que nasceu mesmo em 1910, ano em que eclodiu a Revolução Mexicana. Ainda muito nova, entrou para a Liga Jovem Comunista. Aos 21 anos, Frida entrou para o Partido Comunista Mexicano. Apesar de muitas dificuldades que enfrentou durante a vida em decorrência de sua saúde debilitada, ela manifestou diversas vezes que a esperança na Revolução era o que a mantinha viva. “La angustia y el dolor, el placer y la muerte, no son más que un proceso para existir la lucha revolucionaria”.
Neste período do começo da militância, conheceu o artista plástico e muralista Diego Rivera, 21 anos mais velho. Eles casaram um ano após se conhecerem. O relacionamento foi marcado por brigas e adultérios de ambas as partes.
Por causa dos trabalhos de Rivera, de 1930 a 1933, o casal morou nos Estados Unidos. Nacionalista, Frida sentiu falta do México e não se adaptou. Mesmo assim, nos EUA, ela engravidou de Rivera três vezes e sofreu aborto espontâneo nas três gestações, em decorrência de problemas no útero causados pelo acidente de 1925.
Separação e inspiração
Em 1934, após um ano de regressar ao México, o casamento acabou. Frida descobriu que Rivera e sua irmã, Cristina, tinham um caso.
Apesar de Frida ter enfrentado um período de depressão e feito alguns de seus quadros mais melancólicos nesse período, a artista começou a comercializar suas obras para ter independência financeira.
Em 1939, Frida fez sua primeira exposição individual, em Nova York. A partir desse momento, o seu trabalho começou a ser reconhecido internacionalmente, apesar de Frida ainda ser muito associada como esposa de Rivera. A artista foi a primeira mexicana a ter obras expostas no Museu do Louvre. No mesmo ano, o Louvre comprou The Frame (A moldura) e a obra tornou-se a primeira de um artista mexicano do século 20 a ser comprada por um museu de renome internacional.
Além de Rivera, Frida teve alguns casos amorosos. O affair com o filósofo russo Leon Trotski é um dos mais famosos. Entre 1937 e 1939, a artista abrigou Trotski em sua casa para protegê-lo de uma perseguição de Stalin. Já com a dançarina, cantora, ativista contra o racismo e espiã, Josephine Baker, o relacionamento nunca foi confirmado oficialmente. Apesar disso, o filme Frida (2002) mostra Salma Hayek, que interpreta a pintora, se relacionando com Karine Plantadit, que interpreta a dançarina.
A casa azul
Frida e Rivera se casaram novamente, em 1940. Apesar dos persistentes conflitos, desta vez o casamento durou 14 anos. Rivera estava ao lado de Frida quando ela precisou amputar uma perna.
Em 1953, Frida teve sua primeira e única exposição solo no México. Mesmo com a saúde debilitada e contra a ordem dos médicos, a mexicana foi ao lançamento em uma ambulância e surpreendeu a todos com a sua força de vontade
Já com a perna direita amputada, ela fez questão de participar de uma manifestação contra o golpe de Estado na Guatemala que derrubou Jocobo Arbens.
A artista morreu em decorrência de uma embolia pulmonar, resultado de uma pneumonia, em 1954, aos 47 anos.
A casa em que Frida nasceu, viveu com o marido e morreu, hoje é conhecida como o museu La casa azul, lugar que abriga obras de arte e roupas de Frida Kahlo, Diego Rivera e outros artistas.
Em 2021, O autorretrato Diego y yo (Diego e eu) estabeleceu o recorde absoluto para um artista latino-americano ao ser vendido por US$ 34,9 milhões em um leilão da Sotheby’s, em Nova York..
106 recordações encontradas no Museu Frida Kahlo
Pinturas animadas de Frida Kahlo
Fontes
Livro – Frida – A Biografia, de Hayden Herrera
Sites: fridakahlo.org e pcb.org.br/
Filme A casa azul de Frida Kahlo
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