Não se combate pseudociência com pseudofilosofia

Não se combate pseudociência com pseudofilosofia
Natalia Pasternak, coautora de “Que bobagem!”, presta depoimento à CPI da Pandemia, em 2021 (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
  A pandemia gerada pela cepa 2019-nCov do coronavírus revelou que a população brasileira não estava imune a um outro tipo de contaminação que potencializou a letalidade daquela causada pelo vírus: a contaminação mental de conteúdos pseudocientíficos associados à doença pelo espalhamento massificado de informações enganosas por meio de redes sociais. No Brasil, essa “tecnodesinformação”, que muitos preferem denominar de fake news (notícias falsas), foi uma estratégia utilizada pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro com fins políticos e trouxe à tona uma onda de negacionismo científico, irracionalismo e fanatismo. Assim, em meio a campanhas midiáticas de contrainformação científica, muitos brasileiros acreditaram que o consumo de vitamina D, C ou água com limão poderia evitar o contágio do vírus; que ivermectina, eficaz no combate a pulgas e carrapatos, e cloroquina ou hidroxicloroquina, utilizados para tratamento de malária, atuariam como profilaxia, tratamento precoce ou tardio da doença, mesmo com a negativa das próprias farmacêuticas fabricantes dos medicamentos; e ainda que o mecanismo de ação desses antiparasitários fosse semelhante ao de antivirais. Como resposta a essa onda negacionista, especialistas em saúde e influenciadores digitais abraçaram iniciativas de comunicação científica que visavam oferecer informações claras e confiáveis ao grande público. Tratavam, por exemplo, da importância do isolamento e do distanciamento social, da higiene e do uso de máscaras para evitar o contágio, bem c

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