Projeto promove integração cultural de refugiados e imigrantes em SP
Os músicos Salam Alsayyed, Mariama Camara e Leo Bianchini do projeto Músico Cidadão (Reprodução)
Todas as terças, na região central de São Paulo, brasileiros, refugiados e imigrantes se encontram para fazer música. A cada semana, um músico diferente fica responsável por ministrar uma oficina sobre a cultura e as sonoridades do seus país de origem: Colômbia, Guiné, Síria, Palestina.
Os encontros acontecem no Al Janiah, espaço cultural árabe no bairro do Bixiga, e fazem parte do projeto Músico Cidadão, idealizado por Leo Bianchini, da banda 5 a seco. A ideia é contribuir com a integração cultural e socioeconômica dos recém-chegados.
Nos últimos cinco anos, as solicitações de refúgio no Brasil cresceram 2.868%, segundo a UNHCR-ACNURN, Agência da ONU Para Refugiados. No país, São Paulo é a cidade que mais recebe imigrantes e refugiados na América Latina: são mais de 1,8 milhão de pessoas que saíram de seus países para tentar um recomeço aqui, ainda de acordo com a ONU.
Neste domingo (16), no Al Janiah, acontece o primeiro festival Músico Cidadão, um encontro musical entre o oeste da África, o Oriente Médio e a América Latina em que se apresentam o palestino Salam Alsayyed (alaúde), a guineense Mariama Camara (percussão), a colombiana Soraya Bolaños (saxofone) e o sírio Amin Fawze (piano) – além do próprio Leo Bianchini, no violão.
“Todo músico que viaja internacionalmente já tem um trabalho garantido, seja tocando, seja ensinando música. Aqui, queremos potencializar isso”, diz Bianchini, que decidiu iniciar o Músico Cidadão depois de uma viagem ao Egito, há quatro anos. “A música é muito universal como linguagem, transita por todos os povos. É impressionante como os ritmos que você encontra em outros países podem te fazer sentir em casa.”
Ele conta que, por conta do projeto, recebe comentários racistas em sua página no Facebook, mas prefere “ignorar o que não agrega”. É comum, segundo ele, que os estrangeiros cheguem ao Brasil com medo, sem compreender a língua ou a cultura local, se isolando em comunidades próprias. “Eles vêm para cá e não conhecem ninguém, acabam ficando em um nicho deles, e para fazer um projeto como o Músico Cidadão você tem que lutar contra isso.”
Por enquanto, o projeto é mantido por meio de um financiamento coletivo recorrente pelo site Apoie-se, no qual qualquer pessoa pode colaborar mensalmente, com cinco, dez ou vinte reais. O objetivo não é fazer dinheiro, mas garantir pelo menos refeição e transporte aos músicos. “Tenho certeza de que é a música que nos mantem unidos, apesar das diferenças”, diz Bianchini.
1º Festival Músico Cidadão
Onde: Al Janiah, R. Rui Barbosa, 269, São Paulo – SP
Quando: 15/07, das 15h às 22h
Quanto: R$ 15