Poemas de Márcia Kambeba e Eduardo Oliveira
(Foto: ALMEIDA JUNIOR)
Mulher Kambeba
Márcia Wayna Kambeba
Sentir o vento de chuva
Apressado para molhar
A terra e verde que habita
Em nós, na aldeia, meu lar.
Assim eu vejo a mulher
Omágua/Kambeba a lutar
Por direitos e respeito
Que teimam em querer retirar.
Tem hora que é calmaria
Seu ser belo vai falar
Sou tronco de samaumeira
De mim a vida vai brotar.
Regada de saberes e esperança
Respeito sabe valorar
Não quer ser melhor que os homens
Igualdade, responsabilidade busca partilhar .
Cacika, tuxaua ou Zana
Feminina no seu mais profundo ser
Sabe fazer alianças,
Estratégias para sobreviver.
Caminha sentindo a esperança
Nos olhos do curumim
Que brinca a inocência criança
História que não tem fim.
Continua menino continua
A remada que vem e que vai
Cidade/aldeia território
É mulher, mãe, gestora da vida.
Lidera com estratégia
Paciência na comunicação
Delicadeza na forma feminina
Alegria no coração
E a certeza de renovação
Identidade Kambeba é mais que imagem
É luta, acolhimento, dedicação.
Ser Tão Infinita, Ser Tão Poesia
Bárbara Maria Alves dos Santos
O meu chão
O lugar de onde venho
É parte do que sou
E de tudo que tenho
É memória do que passou
História que mantenho
No meu chão
Chão do interior
Redesenho o sentido da vida
Aprendido no calor
Do cuscuz no fogão a lenha
No café com cheiro de amor
Na chuva caindo sobre a terra
Na oferta no domingo do senhor
É lá no meu chão
Do meu país Ceará
No assentamento Maceió
Que aprendi o que é lar
Na algazarra em casa
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