Perspectivismo e psicanálise

Perspectivismo e psicanálise
Freud com G. Stanley Hall e C. G. Jung (à frente); Abraham A. Brill, Ernest Jones e Sándor Ferenczi (atrás, da esquerda para a direita)
  A psicopatologia lacaniana articulou sua teoria das estruturas clínicas como uma deriva do método estrutural, proposto inicialmente por Lévi‑Strauss na antropologia, combinando‑as com as considerações de Hegel sobre a filosofia da história. As antes chamadas “doenças mentais” não são nem doenças e nem mentais porque são estruturas análogas aos mitos individuais, dotadas de dimensões existenciais: real, simbólico e imaginário. Para definir a neurose, a psicose ou a perversão como estruturas existenciais, Lacan entendeu que estas eram formas de interpretar a única lei universal não natural, ou seja, a proibição do incesto. Freud havia proposto, em Totem e tabu (1913), que o desejo humano repetia, no complexo de Édipo, os mesmos impasses que originaram a passagem do estado de natureza para o de cultura: assassinato do pai no estado de horda primeira, incorporação canibalista de seu corpo, eleição de um totem para representá-lo, transposição da proibição de ataque ao totem como tabu, aplicação do tabu à regra que proíbe o incesto em todas as culturas conhecidas. Nos anos 1940, Kroeber e Malinowski teceram críticas ao suposto universalismo do complexo de Édipo, assinalando a existência de culturas nas quais o incesto não é proibido, pelo menos em alguns aspectos, uma vez que os conceitos de família nessas culturas são muito diferentes dos nossos. Freud apoiara-se em dados e ilações propostos por Darwin e Smith que se mostravam equivocados à luz da antropologia da época. Não é que a hipótese freudiana estivesse

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