Frederico Morais: pensamento em ação

Frederico Morais: pensamento em ação
Frederico Morais com o Parangolé de Hélio Oiticica, 1968 (Foto: Claudio Oiticica)
  Frederico Morais é o jovem de cabelos castanhos, óculos de aro grosso, que veste um Parangolé e sorri discretamente, em pé no meio de um grupo de pessoas, do lado de fora do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, na tarde do domingo, 28 de julho de 1968. A veste de Frederico, uma obra de Hélio Oiticica, é Guevarcália, feita em homenagem a Che Guevara. Um desenho negro reproduz sobre um tecido branco, em tamanho avantajado, o rosto do líder revolucionário, que havia sido morto na Bolívia há menos de um ano. Em outra face, flores azuis e brancas em fundo vermelho estampam a chita que, retorcida num jogo de dentro e fora, pousa sobre os ombros de Frederico. À sua frente, um outro homem também veste Parangolé, mas dele não se vê quase nada, tampouco o seu rosto. Das pessoas que os circundam, algumas olham atentas, outras sorriem. A fotografia foi tirada por Cláudio Oiticica, que acompanhava seu irmão Hélio naquele evento que o artista chamou de Apocalipopótese. As tardes dos finais de semana do mês de julho foram dedicadas às ações de Arte no aterro – um mês de arte pública, proposta de Frederico Morais que ocupou os arredores do Museu de Arte Moderna, o Pavilhão Japonês, e contou com exposição de Jackson Ribeiro, mostra do grupo Poema/Processo, aulas ao ar livre de arte e história da arte, e ações e happenings de diversos artistas. Na ocasião, Hélio Oiticica tinha sido convocado por Frederico, aquele era o seu domingo e aquela era a sua tarde de proposições. Apocalipopótese, nome inventado pelo baiano Rogério Duarte, foi apro

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