Que viva México!

Que viva México!
(Foto: Herman Triay)   Viva!, "romance sem ficção" do escritor e historiador francês Patrick Deville, retrata os derradeiros anos de Trótski   Na contramão daquilo que defendia Jorge Luis Borges, a ideia de que há fatos e coisas que acontecem na realidade, mas se colocados nos livros terminam por soar artificiais, o escritor francês Patrick Deville (nascido na Bretanha em 1957) tem defendido através de romances de não ficção como o recém-lançado Viva!, ao lado de colegas como Emmanuel Carrére e o espanhol Javier Cercas, entre outros, uma segunda via que se apoia na submissão da imaginação diante do registro documental. Em seu primeiro trabalho traduzido por aqui, a realidade parece ter adquirido a capacidade de imaginar, ganhando novo centro de interesse, algo que bem pode ser nomeado como o “mundo fantástico dos fatos objetivos”. O México ao final dos anos 1930 ganhou contornos de destino experimental procurado por escritores vagabundos, artistas de vanguarda, cineastas, perseguidos políticos e, igualmente, por seus perseguidores. No início de Viva!, Deville aponta sua lente para Leon Trótski e sua companheira Natália Ivánovna Sedova. O casal beira os sessenta anos e acaba de desembarcar do petroleiro norueguês Ruth no porto de Tampico. Estamos em 1937, e o proscrito do Exército Vermelho, antes o líder de cinco milhões de soldados, vaga pela Europa há dez anos fugindo da perseguição de Stálin. Por meio da intervenção de Diego Rivera, o pintor muralista, o presidente Lázaro Cárdenas autorizou a entrada de Trótski n

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