A partir dos despossuídos
O jovem Karl Marx (Reprodução)
Quando deu notícia aos franceses do pequeno livro de Daniel Bensaïd, Michael Löwy fez questão de assinalar: mais que uma introdução aos célebres artigos de Marx sobre as tratativas da Sexta Dieta Renana, trata-se de uma reflexão original sobre o tema muito atual dos bens comuns da humanidade.
A edição brasileira inclui os artigos completos (outubro, novembro de 1842), concernentes ao que a Dieta tipificou como “furto” de madeira pelos camponeses. Marx agora assina, com Bensaïd, o livro que na primeira capa estampa e abrevia o título francês: Os despossuídos.
Opondo o direito ancestral de uso costumeiro dos pobres – no caso, o direito consuetudinário de coleta de madeira – ao surgimento do direito de propriedade capitalista dos proprietários das florestas, os artigos situam-se no quadro geral da evolução do jovem Marx, onde a Gazeta Renana representara “o fruto de um casamento de curta duração entre o hegelianismo de esquerda e a burguesia liberal”. Para continuarmos com M. Löwy (A teoria da revolução no jovem Marx, Vozes, 2002), cabe então dizer: desde o início, Marx tomara distância perante aquele liberalismo sob as compressões prussianas do absolutismo de Estado, o que também ia suprimindo meios de expressão (revistas de crítica literária, filosofia e teologia) e barrando o ingresso de intelectuais aos postos universitários (evicção de professores hegelianos como Bruno Bauer, março de 1842). Ora, aos hegelianos de esquerda restavam três possibilidades: 1) capitular, abandonar a luta política, juntar-se ao
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