“Os sobreviventes e os artistas podem fazer suas próprias escolhas”
A escritora Carmen Maria Machado (ART STREIBER/DIVULGAÇÃO/RANDOM HOUSE)
As casas podem ser vendidas, alugadas, sonhadas, violadas, queimadas e perdidas. “Ah! e nem quero lembrar a perda de três casas excelentes./ A arte de perder não é nenhum mistério”, escreveu Elizabeth Bishop no seu poema mais famoso, “A arte de perder” (em tradução de Paulo Henriques Britto). Em “Liquidação”, Carlos Drummond de Andrade revelou a urgência de se livrar de um imóvel: “A casa foi vendida com todas as lembranças/ todos os móveis todos os pesadelos/ todos os pecados cometidos ou em via de cometer ”. Na literatura para assustar, as casas estão em todos os lugares. Há “A queda da casa de Usher”, de Edgar Allan Poe, e “Casa tomada”, de Julio Cortázar. O conde Drácula, de Bram Stoker, sonha em ser convidado para a casa de suas vítimas. A governanta lésbica do filme Rebecca: a mulher inesquecível coloca em chamas a mansão onde viveu a obsessão fatal por sua patroa. Ela destrói a casa para talvez assim destruir junto o desejo que a consome. Num dos cartazes mais famosos da história do cinema, vemos a silhueta de um padre conjecturando se deve ou não entrar na casa onde estaria o demônio (O exorcista). No cancioneiro pop, a casa é o templo do pecado da carne, que a tudo destrói, na letra de “The House of Rising Sun”, regravada por todo mundo, de Nina Simone a The Animals. A garotinha Dorothy, de O mágico de Oz, foi mais esperta ao dizer “Não há lugar como o nosso lar”, omitindo assim a palavra “casa”/ “house” do ditado “No place like home”.
Na cultura, as casas são sempre construç
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