Os filmes que você não vê
Em 2013, quando fiz minha primeira reportagem sobre a participação feminina no cinema, uma fonte me alertou se tratar de assunto “ingrato”. “A primeira coisa que você ouve”, afirmou, “é que não existe mais preconceito, que as mulheres já estão em todos os lugares”.
De fato, durante aquela reportagem muitas diretoras e produtoras, principalmente brasileiras, não pareciam querer falar. Dois anos depois, quando criei um site dedicado a filmes feitos ou centrados em mulheres, fui questionada sobre a razão do projeto – “afinal, não existe site sobre o homem no cinema, certo?”.
Certo. Mas a ideia de que há igualdade de gênero no audiovisual não resiste a um teste simples, que você, leitor, pode fazer agora mesmo. Consulte a programação dos cinemas da sua cidade. Vá até a estante onde guarda seus DVDs. Acesse a lista de filmes a que assistiu recentemente na Netflix. Quantos foram dirigidos por mulheres?
Provavelmente poucos. Talvez nenhum.
A reduzida presença feminina, especialmente por trás das câmeras, é uma realidade em diferentes cinematografias. De todos os filmes europeus lançados entre 2003 e 2012, apenas 16,3% foram dirigidos por mulheres. No Brasil, diretoras foram responsáveis por 14,8% dos lançamentos de 2015. Nos EUA, representaram 9% nas 250 produções de maior bilheteria do mesmo período. Em 88 anos de Oscar, uma mulher ganhou o prêmio de direção (Kathryn Bigelow, em 2010) e só outras três foram indicadas.
Ignorar ou desconhecer esses dados tem sido mais difícil, já que nunca se falou tanto sobre a mulh
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