Privado: Oficina literária

Privado: Oficina literária
Dorian Gray já dizia que não existe nada mais real do que as palavras. Não falemos do escrito, da palavra vista, mas sim de todas as formas com que a junção de consoantes e vogais possam tomar algum sentido. Ignoremos também qualquer explicação lógica ou puramente racional e realista; falemos apenas do que nos rodeia, das coisas sentidas e absorvidas, e não dos termos vistos e capturados pela vivência seca e humana ao longo dos tempos. Com as palavras formamos pensamentos, a ponte entre saudade e desejo, distância e sonhos. Com as palavras formamos conceitos, uma forma elegante e politicamente correta de chamar a “opinião” de cada indivíduo. Formamos também a materialização abstrata de tudo o que nos consome e perturba internamente (alguns preferem chamar de “textos” também). Com as palavras percebemos a gravidade e a realidade dos nossos sentimentos, ou talvez temos apenas uma ilusão de tal ato. Conseguimos, por meio das palavras, destruir sonhos e histórias, todavia conseguimos, também, eternizar histórias e fatos em nossa vaga memória. Conseguimos, quando ocultamos certas verdades materializadas nas palavras, uma sensação sufocante de que algo está errado e de que precisamos e podemos consertar, mas não queremos. Conseguimos tantas coisas, boas ou ruins, que nem mesmo as próprias palavras dariam conta de explicar. Nícolas Tadashi Sato Faria, 16, é estudante em Nova Friburgo (RJ)

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