O verdadeiro brilhante
Edição do mês(foto por Beatriz Jaksys)
O advogado pernambucano Samuel Mac Dowell de Figueiredo tinha apenas 26 anos quando assumiu, ao lado dos sócios Marco Antônio Rodrigues Barbosa e Sergio Bermudes, o caso da morte de Vladimir Herzog, ocorrida em outubro de 1975. O laudo do legista Harry Shibata apontava suicídio. Era uma farsa montada – o jornalista da TV Cultura, sem vínculos com a resistência de esquerda, havia sido assassinado sob tortura. Adotando uma estratégia ousada, no primeiro processo frontal contra o governo militar, Mac Dowell venceu. Provou a responsabilidade objetiva do Estado. Em 2025, fará 50 anos do assassinato de Herzog.
Em entrevista realizada no seu escritório na avenida Faria Lima, na capital paulista, Samuel Mac Dowell fala sobre o espírito de mudança desencadeado pelo resultado do processo. Havia muita revolta e indignação, como mostraram as assembleias no Sindicato dos Jornalistas e o movimento estudantil, que denunciavam o assassinato, e as 8 mil pessoas presentes no Ato Ecumênico pela morte de Herzog, na praça da Sé, organizado por dom Paulo Evaristo Arns, da Comissão Justiça e Paz, secundado pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor presbiteriano James Wright.
Mac Dowell também se debruça sobre os casos dos assassinatos do operário Manoel Fiel Filho e do guerrilheiro Carlos Marighella. Cada qual com sua estratégia, ambos ganhos, para a perplexidade crescente dos militares, que viam a ditadura começar a ruir sob suas barbas.
Mac Dowell voltaria a se defrontar com Shibata. Defendendo direitos autorais de Edu Lobo, seu grande amigo, Tom Jobim, Chico Buar
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