O percurso da performatividade

O percurso da performatividade
A atriz Julie Andrews em 'Victor ou Victória', longa do cineasta norte-americano Black Edwards, em 1982 (Foto Divulgação)
  O gênero é performativo? A sexualidade é performativa? A performatividade produz o corpo? Efeitos performativos podem ser ou tornarem-se efeitos materiais? Quando se trata de entender a obra de Judith Butler, a palavra performatividade é parada obrigatória. Do livro que a tornou famosa, Problemas de gênero – feminismo e subversão da identidade, de 1990, às obras mais recentes, como Frames of War, de 2010, a palavra percorre as discussões e as posições da autora. De onde vem, por qual percurso e qual a importância dessa palavra para a obra dessa fundamental pensadora feminista do século 21? Arrisco, aqui, a traçar um percurso dessa palavra em sua obra, dentro dos limites que o espaço deste artigo e meu conhecimento permitem. O risco é inerente ao se contar uma estória, ao se produzir significado: a cada repetição, há alteração. Essa ideia derridiana, no pano de fundo do percurso de uma palavra cunhada pelo inglês J. L. Austin, é uma margem contagiante das ideias da pensadora sobre o performativo. Em sua veia intelectual “promíscua”, como a própria autora diz, a performatividade é um conceito em desenvolvimento, mutante de sua própria performance teórica, política e editorial, uma instabilidade legada obliquamente de Austin e de sua obra “paciente, aberta, aporética, em constante transformação”, como afirmado por Jacques Derrida. Do ato performativo à performatividade O contexto estadunidense de recepção da obra de J. L. Austin é a paisagem por onde vagueia a performatividade de Butler, pelos tráficos de i

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