O outro, o mesmo
O músico Bob Dylan (Divulgação)
Ar de Dylan é o mais recente romance do prolífico escritor catalão Enrique Vila-Matas (1948), que tem vários livros publicados no Brasil, entre eles, História Abreviada da Literatura Portátil (1985), Suicídios Exemplares (1991), Bartleby e Companhia (2000), O Mal de Montano (2002), entre outros.
Como os títulos deixam ver, é um escritor que faz da ficção o núcleo de sua ficção. Talvez fosse mais preciso dizer: é um escritor que faz das circunstâncias da ficção, dos cacoetes dos autores e dos pormenores dos livros os móveis de uma investigação mais ou menos detetivesca em torno do mistério da literatura e, em particular, do gênero romance.
Ar de Dylan é mais disso aí mesmo, por mais que, no caso, o sentido de “mesmo” sempre implique um elogio do mascarado, do múltiplo, do aleatório, do contingente etc.
A intriga é, resumidamente, a seguinte: um prolífico escritor catalão de meia-idade é convidado para um congresso sobre o tema do fracasso e lá ouve a estranha narrativa de um jovem cineasta cujo pai, um antigo companheiro de geração e rival de profissão, acabara de falecer.
A novidade é que, após levar um tombo e bater a cabeça, o filho dizia estar recebendo intermitentemente mensagens do falecido pai, que o chamava de “Hamlet” e lhe enviava fragmentos de sua memória, o que naturalmente o confundia. Ainda mais que nunca se dera bem com o pai, que sempre fora um defensor das vanguardas e do pós-modernismo, enquanto ele defendia o “verdadeiro” e “autêntico”.
Interessado no caso, o escritor se envo
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