O nordeste pensou o Brasil
Curador de uma das mais bemsucedidas Bienais de Arte de São Paulo, Paulo Herkenhoff fala da mostra que organiza em Recife, ataca o nível da crítica, a arrogância do MinC e o “paulicentrismo” do mercado
Num infeliz contraste entre a antropofagia dos anos 1920 que celebrou na 24ª Bienal de São Paulo, em 1988 – da qual assinou a curadoria –, Paulo Herkenhoff lamenta que as decisões sobre as mostras de arte no Brasil estejam submetidas aos “departamentos de marketing das empresas, ao colonialismo interno ‘paulistocêntrico’ e à arrogância da burocracia do Ministério da Cultura”.
Curador da exposição Zona Tórrida, Certa Pintura do Nordeste, que acontece até maio em Recife, Herkenhoff critica também a centralização dos recursos para a cultura no eixo Rio-São Paulo, ressaltando a importância do Nordeste: “Não se faz a cartografia da pintura no Brasil ou mesmo na América Latina sem investigar a região. Sem avaliações, permanece como a terra incógnita dos mapas renascentistas”.
Na mostra pernambucana, ele destaca o painel de Cícero Dias “Eu vi o mundo. . . ele começava no Recife” e a pintura de Joaquim do Rego Monteiro. Em oposição às “exposições-espetáculo”, Herkenhoff explica sua forma particular de atuar: “Desde a década de 1980 tenho pensado um Brasil sem centro. Para mim, avançar na história da arte é mais importante do que avançar na estatística”.
Revista CULT – Em Vida, forma e cor (Record), publicado em 1962, Gilberto Freyre escreveu: “Ainda não apareceu pintor com a coragem, as t
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