Clarice Lispector e o jornalismo como aliado

Clarice Lispector e o jornalismo como aliado
Clarice se manteve firme na crença de que a imprensa era um caminho o reconhecimento (Foto: Arquivo Aparecida Maria Nunes)
  Clarice Lispector era quase uma menina quando procurou Raimundo Magalhães Junior na redação de Vamos ler! para perguntar sobre a viabilidade de publicar seus contos. Queria também ser tradutora, conta o editor no artigo “Recordações de um padrinho literário”, publicado no jornal A noite, em 19 de agosto de 1944. “Nunca havia publicado nada”, relembra, “mas ‘sabia’ que poderia escrever. E escrevia mesmo, com um bom gosto, uma propriedade, uma graça, que já então revelavam nela a futura romancista.” A estudante de 20 anos, desiludida com a disciplina de Direito Penal, cujo interesse decorria de leituras que a haviam impressionado, como Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski, é bem-sucedida na abordagem realizada em Vamos Ler!, revista semanal de circulação nacional pertencente ao grupo A Noite. O hábito de escrever histórias e de procurar a imprensa para divulgar seus escritos vinha desde a infância em Recife, quando, com a ajuda da irmã Tania, enviou seus primeiros contos infantis para a página “O Diário das Crianças”, do Diário de Pernambuco. Apesar das tentativas de publicação malogradas quando menina, Clarice Lispector se manteve firme na crença de que a imprensa era um caminho para se tornar escritora reconhecida. É difícil precisar o momento em que Clarice atuou na Agência Nacional, porque não há documentos oficiais comprobatórios. Sabemos que foi indicada por Lourival Fontes, então diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), ao qual a Agência Nacional estava vinculada. Fontes era homem de

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