Dossiê | Kierkegaard, o filósofo da existência

Dossiê | Kierkegaard, o filósofo da existência
O filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard (Reprodução/Wikimedia Commons)
  Kierkegaard viveu 42 anos, quase sempre em Copenhague. Pensador urbano, convive mais com as pessoas do que com a natureza. Nasce em 1813, “ano em que muitos títulos sem valor foram lançados no mercado”. Sua obra, crítica do romantismo inconsequente, da especulação solta e da religião de fachada, pode ser lida como Wittgenstein recomenda: é uma escada, que se deixa após a subida, pois a intenção, o que quer dizer, é que o indivíduo é responsável por sua existência, eterna. Do pai herdou a melancolia. Mas seu mestre foi o poeta, professor de moral e filosofia antiga, Poul Martin Moller, que o ligou a Sócrates, Platão e Aristóteles e ao estudo da ironia e do humor, apoiou-o na crise religiosa, na recuperação das convicções, e era companheiro para um copo de vinho. Moller não gostava de Hegel. A dedicatória do Conceito de angústia situa o autor como seu herdeiro intelectual. Essencial foi ainda o noivado com Regina Olsen: mesmo após o rompimento, ela perpassa sua obra como a primeira ouvinte dos discursos. Defende dissertação Sobre o conceito de ironia, constantemente referido a Sócrates. Pinta o irônico, num cálculo combinatório de Xenofonte, Platão e Aristófanes, até obter o retrato paradoxal do Sócrates histórico; e analisa a ironia romântica, de Fichte, Schlegel, Solger e Tieck. A banca, sem conferir a afirmação de que só a ironia de Sócrates se justificava historicamente, sem perguntar se o jargão hegeliano era uso ou abuso, aprova a tese sem pedir correções. Vai a Berlim e perde a chance de escutar Trende

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