O condado de Faulkner

O condado de Faulkner

1897 – Nasce William Cuthbert Falkner, na Nova Albânia, Mississippi.

1902 ­– A família Falkner muda para Oxford, Mississippi.

1918 – Aparece pela primeira vez a grafia Faulkner, provavelmente graças a um erro de registro na fábrica de armas Win­chester, onde o escritor trabalhou.

1920 ­– Faulkner passa a escrever resenhas, poemas e textos em prosa para o jornal The Mississipian.

1924 ­– Faulkner tem sua primeira obra publicada: The marble faun (O fauno de mármore), um livro de poesia.

1925 – O escritor muda para Nova Orleans, onde começa a ter contatos com Sherwood Anderson, autor de Winesburg, Ohio. Nesse período, publica ensaios para os jornais locais. Desse ano datam os Esquetes de Nova Orleans.

1926 – Depois de um período de trabalho na Royal Air Force, o jovem Faulkner passa a inventar histórias sobre combates; esse período como soldado culminou em seu primeiro romance publicado: O soldo do soldado.

“[O soldo do soldado é o] romance de Faulkner que se inserira no espírito dominante, definido também por Dos Passos e Hemingway, da desilusão do pós-guerra, com a sua história do soldado aleijado que regressa (e a mutilação física e moral, como a impotência, continuará a ser um tema fundamental de Faulkner).”
Jorge De Sena

1927 – Lançamento de Mosquitoes, retrato satírico da vida literária de Nova Orleans.

1929 – Publica os romances Sartoris e O som e a fúria, ambos ambientados no condado imaginário de Yoknapatawpha, que reapareceria em diversos livros de Faulkner.

“O county de Yoknapatawpha, distrito imaginário no Estado do Mississippi, em que se passa grande parte de suas obras, é um mundo  completo e fechado. Um crítico já falou em private world. Mas a inspiração é tão moralizante, embora menos segura, como a do inferno dantesco. Os acontecimentos terríveis  em Yoknapatawpha, sejam mesmo parcial ou totalmente observados na realidade do South, são fábulas de significação universal. (…) “[Faulkner] notou o estilo ornado, overblow, evidentemente influenciado por Joyce. Notou a elaboradíssima e hermética técnica novelística: sobretudo na obra-prima O som e a fúria, a permanente violação da cronologia, a alternância desconcertante de acontecimentos ocorridos em 1928 e em 1910, a apresentação de grande parte da obra  através dos olhos de um narrador intermediário, que é um demente patológico, um idiota.”
Otto Maria Carpeaux

1930 – Lançamento do romance Enquanto agonizo. A Fórum magazine publica o conto “Uma rosa para Emily”, dando projeção nacional ao escritor.

“E quem pode ser seriamente comovido pela família de Enquanto agonizo a despeito de seus prodígios de  resignação? Eles estão aprisionados em seu idioma folk que os rotula como subpessoas, marionetes designadas a entreter, talvez a edificar, a aristocracia intelectual.”
David H. Stewart

1931 – Publicação de Santuário.

“Há em Santuário muitos elementos de truculência deliberada, que fizeram dele um livro popular e quase escandaloso, mas nem tudo é negativo e se faz necessário dizer que se trata de um grande romance, apesar de acentuações e motivos com carga excessiva nas tintas. O pior do livro é o tipo de Popeye, e o melhor, a cor de fundo e os movimentos dos personagens, sobretudo quando mais secundários.”
José Maria Valverde 

 1932 – Luz em agosto, que anteriormente foi batizado de Casa escura, é publicado pelo novo editor de Faulkner.

“O homem de Faulkner é um ser esquivo. Grande animal divino e sem Deus perdido desde o nascimento e procurando obstinadamente perder-se, cruel, moral mesmo no homicídio, salvo – não pela morte, não na morte – nos últimos momentos que precedem a morte, grande mesmo nos suplícios, nas humilhações mais abjetas da carne.”
Jean-Paul Sartre

1934 – Faulkner lança a coleção de contos Doutor Martino e outras histórias.

1935 ­–  Lançamento da novela Pylon.

Pylon, que não tem a majestade dos romances anteriores, é uma excursão fora desse mundo [Yoknapatawpha] a que romanescamente Faulkner volta, com o mito do rio, em O velho, a contrapartida de Palmeiras selvagens.”
Jorge De Sena

1936 ­– Publica Absalão, Absalão.

Absalão, Absalão é um dos livros mais incômodos de transitar, além do alto nível de qualidade. Sua dificuldade está sobretudo em seu ponto de abordagem narrativa, saltando de tom e personagem, e omitindo supostos presentes em outras obras, dentro das quais tem uma função a posteriori.”
José Maria Valverde

1938 – Os contos sobre a Guerra Civil americana, escritos anos antes para o jornal The Saturday Evening Post, são reunidos em um volume chamado The unvanquished.

1939 – Publicação de Palmeiras selvagens.

“[A tradição a que se filia o romance Palmeiras selvagens] é a tradição da grande paixão que remonta aos trovadores e às cortes de amor. O ardor que atrai os amantes é ilícito, irrevogável, ao mesmo tempo erótico e transcendental. Por outras palavras é a paixão sombria daquele gênero ortodoxo descrito por Denis de Rougemont, que leva logicamente à morte como sua consumação final.”
Ernst Sandeen

1940 – Lançamento de O povoado, primeiro romance da tri­logia que narra a trajetória dos Snopes.

“O povoado não pretende ter uma unidade de argumentos, já que é uma etapa da vida rural, com a ascensão dos intrusos empreendedores sobre a decadência dos fidalgos. Se não houver dispersão demasiada nas diversas perspectivas, esta obra é das mais acessíveis para o leitor novato de Faulkner.” 
José Maria Valverde

1942 – Faulkner lança mais um livro de contos, o célebre Go down Moses.

1948 – Ano de lançamento de Intruso no pó.

1949 ­– O escritor recebe o Prêmio Nobel de Literatura.

“Eu sinto que este prêmio não me foi dado enquanto homem, mas para o meu trabalho – o trabalho de uma vida na agonia e na doçura do espírito humano, não por glória, muito menos por lucro, mas para criar fora do espírito humano algo que não existia antes.”
Discurso de recepção do prêmio Nobel

1951 – Lançamento do romance Requiem for a num (Ré­quiem para uma freira).

1954 ­ – A pedido do Departamento de Estado dos EUA, participa de uma conferência de escritores internacionais em São Paulo. Lança A fábula.

“A fable foi um meio-fracasso porque o escritor, pela primeira vez, saíra do seu private world. Foi e quis mesmo ser um gênio sem inteligência.”
Otto Maria Carpeaux 

1955 ­– Mais uma reunião de histórias já conhecidas ganha edição em um só volume: Big woods – The hunting stories.

1956 – O escritor francês Albert Camus adapta Réquiem para uma freira para o teatro.

1957 – A segunda parte da trilogia acerca da família Snopes chega ao público: A cidade.

1958 – A reunião completa dos Esquetes de Nova Orleans, escritos em 1925, é editada pela primeira vez.

“Em 1925, em Nova Orleans, ele se voltara para a ficção com força total. E nas três décadas seguintes, desenvolvendo muitos dos temas, técnicas, idéias e sentimentos que surgiram nestas obras de aprendiz, William Faulkner publicou mais de vinte volumes de ficção, grande parte da qual se encontra entre o melhor do século.”
Carvel Collins

1959 – Lançamento do livro que encerra a trilogia da família Snopes: A mansão.

1961 – Em agosto, termina o manuscrito de Os invictos, que seria seu último romance.

1962 ­– Morre de ataque cardíaco, aos 64 anos.

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