‘O capital’, de Karl Marx, 150 anos depois
O filósofo, sociólogo e jornalista Karl Marx (Reprodução)
Com tiragem de apenas mil exemplares, a primeira edição de O capital – crítica da economia política foi publicado em 1867 em Hamburgo. Tamanha foi a revolução que o livro operou no pensamento político, econômico e social que, anos depois, Karl Marx foi considerado algo como o “Freud da política”. Apesar dessa dimensão, o teórico socialista tinha medo que o livro não fizesse sucesso quando foi publicado. Pediu resenhas elogiosas a Friedrich Engels, com quem produziu grande parte da obra, e ao filósofo Ludwig Feuerbach.
Em comemoração aos 150 anos de publicação de O capital, o auditório do departamento de História da FFLCH-USP recebe nesta quinta (31), às 19h30, o Colóquio Internacional Das Kapital, 150 anos. O evento reúne estudiosos da Alemanha, Brasil e Argentina para debater a importância da obra, bem como sua recepção na Europa e na América Latina. A abertura será realizada por Maria Arminda do Nascimento Arruda, diretora da FFLCH, Everaldo Andrade, coordenador da pós-graduação em História Econômica, e Osvaldo Coggiola, chefe do Departamento de História.
Em seu mais famoso estudo, Marx retoma o pensamento econômico desde o final do século 18 para entender como se forma o capitalismo. Pensa na produção de mercadoria como estrutura desse sistema e analisa historicamente como seus processo de produção mudaram. Para o filósofo, as crises inerentes ao capitalismo gerariam seu próprio fim. Após sua derrocada, o comunismo seria a evolução esperada dos processos históricos.
No debate, o professor Rolf Hecker, doutor pela Universidade de Moscou, fala sobre a recepção e difusão do livro de Marx na Europa e seus processos de edição. Carl-Erich Vollgraf, doutor pela Universidade de Leipzig, fala sobre o trabalho que realiza, junto com Hecker, na MEGA (Marx-Engels Gesamtausgabe). Além da coleção das obras completas dos filósofos, a MEGA ainda pesquisa manuscritos inéditos e incentiva a publicação de ensaios marxistas, tema que também vai ocupar a fala de Vollgraf.
Ao lado dos alemães, o professor argentino Horacio Tarcus, doutor pela Universidad Nacional de La Plata, discorre sobre a recepção e a influência de O capital na América Latina. Tarcus é fundador e diretor do maior centro de documentação histórica das esquerdas na América Latina, o Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas en la Argentina (CeDInCI). O evento foi coordenado por Jorge Grespan e conta com tradução de Claudia Dornbusch, ambos da FFLCH.
Algumas das temáticas mobilizadas por Marx, que marcaram inovação na análise econômica da época, são o empobrecimento das classes operárias, os subproletários à margem do consumo, as crises cíclicas, as deficiências do lucro, a exploração da força de trabalho, o fetichismo da mercadoria e o papel da ideologia na formação do capital. O filósofo, nascido em 1818 na Alemanha, também inovou pelo seu apelo à linguagem literária. Escrevendo sob os fluxos do romantismo, autores como Shakespeare, Goethe, Dante, Ésquilo e Balzac entram em suas páginas de economia e política.
Colóquio Internacional Das Kapital, 150 anos
Quando: 31 de agosto, às 19:30h
Onde: Auditório do Departamento de História da FFLCH-USP – Av. Prof. Lineu Prestes, 338, São Paulo