O baú de Frida Kahlo

O baú de Frida Kahlo
A artista mexicana Frida Kahlo (Reprodução)

 

Quando já estava viúvo de Frida Kahlo (1907-1954), o pintor Diego Rivera (1886-1957) confiou a sua amiga Dolores Olmedo mais de 6 mil documentos e fotos do casal. Na ocasião, pediu para que o material viesse à tona somente 15 anos após sua morte. O acervo, porém, foi mantido guardado por mais de cinquenta anos até a morte de Dolores, em 2002. Após extensa catalogação e seleção, parte deste valioso arquivo finalmente se torna público com o lançamento mundial do livro Frida Kahlo: suas fotos (Cosac Naify).

A obra permite adentrar o universo íntimo da pintora e revela, sobretudo, a importância da fotografia em sua vida e arte. Filha do fotógrafo alemão Carl Wilhelm (Guillermo) Kahlo, Frida habituou-se às câmeras desde a infância. Reuniões de amigos, momentos importantes da família, lugares exóticos, nada escapava à câmera do pai, como atestam as dezenas de imagens presentes na primeira parte do livro intitulada “Origens”. A segunda parte “Pai” permite-nos ainda deduzir que a herança paterna não se resumia ao convívio permanente com fotografias, mas, sobretudo, à fascinação por autorretratos, gênero se constituiu em pilares de sua arte.

Somados à origem familiar e à presença marcante do pai, os demais temas do livro (“A Casa Azul”, “O corpo dilacerado”, “Amores”, “A fotografia” e “Luta política”) lançam luz sobre a trágica e fascinante trajetória da pintora mexicana. A longa e conturbada relação com Rivera, as tragédias pessoais e o convívio com outros artistas e intelectuais estão registrados nas mais de 400 imagens, acompanhadas de esclarecedores textos de apoio. Trata-se de uma rara oportunidade de se olhar por dentro o processo criativo e a vida pessoal de um das mais importantes artistas do século 20.

Na esteira do lançamento de Frida Kahlo – Suas Fotos, chega também às livrarias a biografia da pintora, escrita pelo escritor francês J.M. Le Clézio e intitulada Diego e Frida (Record, R$ 39,90). Como sugere o título, Le Clézio toma como eixo central a conturbada relação de Frida com o também pintor mexicano Diego Rivera. De um lado um gênio dos murais, um comunista ateu com o dobro da idade e o triplo do peso de sua esposa; de outro, a jovem tempestuosa e problemática, debilitada por graves problemas de saúde. Por meio da prosa sedutora do Nobel francês, o leitor partilha das dores, das posições políticas e do sentimento que, dada sua complexidade, ora unia, ora afastava o casal.

Frida Kahlo: suas fotos
Org.: Pablo Ortiz Monastério
Cosac Naify
524 págs. – R$ 120

(1) Comentário

  1. Uma Obra que INFELIZMENTE não posso tê-la em minhas mãos… O acesso é quase restrito a mim, devido várias condições… Mas fico feliz por esses autores brilhantes! Frida Kahlo. Única.

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