O antropólogo
O antropólogo Claude Lévis-Strauss em seu escritório no Collège de France (Foto: Divulgação/Collège de France)
O legado de Lévi-Strauss é o tema que três importantes antropólogos brasileiros debatem nas entrevistas abaixo, concedidas à CULT.
A professora da Universidade de Chicago Manuela Carneiro da Cunha, tida pelo próprio pensador francês como sua herdeira, rebate as críticas de que ele seria um “antropólogo de gabinete” e de que não daria atenção à “realidade concreta” – “ninguém teve mais respeito à etnografia do que ele”, diz. Carneiro da Cunha também reitera que Lévi-Strauss é simplesmente “o maior antropólogo”.
José Guilherme Magnani (USP) ressalta a importância que o francês tem até hoje na Universidade de São Paulo, que oferece um curso semestral para quem cursa ciências sociais.
Já Dorothea Passetti, da PUC de São Paulo, ressalta que o fato de Lévi-Strauss ter feito suas pesquisas etnográficas proporcionou certa “paternidade” à antropologia brasileira.
CULT – Como avalia as críticas de que Lévi-Strauss retoma a tradição de uma antropologia “de gabinete”, mais especulativa, sem a observação metódica (mesmo em Tristes Trópicos) das realidades concretas
particulares?
Manuela Carneiro da Cunha – Acho que há um profundo equívoco nessas críticas. Falar de realidades concretas é adotar um certo nível de abstração. Pois a concretude absoluta, se é que ela existe, seriam os eventos a cada momento em cada lugar. Por que as assim chamadas realidades concretas particulares seriam menos abstratas do que aquilo que é matéria da análise de Lévi-Strauss?
Na verdade, como atestam o
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »