Novos desafios à ética do jornalismo

Novos desafios à ética do jornalismo
(Arte Revista CULT)
  Faz um tempo que a percepção pública é de que o jornalismo político brasileiro patina sobre gelo fino. Alguns acham que já afundou irremediavelmente, mas a impressão geral é de que, nas situações mais tensas, lá está o jornalismo arriscando a colocar tudo a perder. Sobretudo a credibilidade do próprio jornalismo.  O problema não é o cerco aos poderosos. A marcação forte, sob pressão, não só é tolerável como é desejável no jornalismo político. No jornalismo que cobre fatos e pessoas do mundo da política, é um serviço à democracia acompanhar com proximidade, investigar com minúcia, trazer ao público tudo o que for relevante. Quanto mais o ator político sentir no cangote o sopro da imprensa e a marcação cerrada dos formadores de opinião, mais se sentirá constrangido a comportar-se como se deve. A questão não é o constrangimento sobre a política. Não importam seus méritos presentes e passados, suas virtudes cívicas, o que a Pátria lhe deve, o sentimento público sobre seu caráter, a dimensão de seu apoio popular e sua enorme lista de boas intenções. De quem assume um mandato público ou cargo político não se espera que seja poupado. Nem, como explicitamente reivindica Bolsonaro, que o patriotismo ou qualquer outro requisito do gênero venha a servir como filtro na captura e na apresentação da realidade.  É normal que partidos, grupos e atores políticos hegemônicos sejam submetidos a um monitoramento ainda mais intenso do que os outros. Em seu quarto mandato presidencial consecutivo, era natural que a lu

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