No mundo dos anti-heróis
Uma das capas da graphic novel 'V de Vingança', escrita por Alan Moore (Arte David Lloyd)
Se é que se pode apontar um denominador comum na graphic novel brasileira, este gênero tão transgênero, é: o desprezo unânime em relação à figura do super-herói. A graphic novel anglófona viu o romance gráfico adulto florescer à sombra de obras-primas como Elektra assassina, da dupla Sienkiwicz/Miller, ou V de vingança, escrito por Alan Moore; a italiana foi marcada pelas aventuras políticas do Corto maltese de Hugo Pratt ou sexuais das HQs de Milo Manara e Guido Crepax; a francesa, o existencialismo sci-fi de Moebius. À distância do universo anglófono dominado pelas editoras Marvel e DC Comics ou mesmo das figuras mais heroicas surgidas na Europa, as graphic novels brasileiras foram mais influenciadas pelo tom psicológico da HQ alternativa europeia e pela sujeira crítica do underground norte-americano.
Embora apresentasse desenhistas de impacto no mercado (Mauricio de Sousa) e cartunistas iconoclastas de larga projeção cultural (Laerte, Angeli, Glauco, Adão), entre muitos outros que fizeram nome na charge, no gibi e na HQ curta, o país só começou a ver publicados romances gráficos de fôlego nos anos 00/10. Antes, houve isoladas publicações de vanguarda, como Avenida Paulista, de Luiz Gê (relançada pela Companhia das Letras). O marco na produção de graphic novels é Cachalote, de Rafael Coutinho e Daniel Galera, tanto por seu tamanho massivo (320 páginas) quanto pela excelência artística, sem falar no ineditismo da dupla (um cartunista e um escritor), em ter despertado o interesse do gênero em uma editora grande (Companhia
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