Natal inesquecível
(Ilustração: @fsaraiva)
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Sempre gostei do Natal. A árvore repleta de presentes, muita comida e toda a família reunida. Entretanto, por eu ser de origem oriental, nunca houve uma festa desse tipo na minha casa. Mesmo assim, jamais deixei de imaginar a grande alegria das crianças tentando não dormir antes da meia-noite para poder olhar para o Papai Noel, ainda que de relance. Ao menos era assim que eu via as fotos dos Natais na casa do namorado da minha irmã, pois ele sempre nos mostrava o álbum, depois de revelá-las. Até que um dia minha irmã mais velha, que nós chamávamos carinhosamente de Tata, me fez chorar de alegria ao me propor uma vivência natalina maravilhosa, que incluiu uma encantadora procura celeste pela figura de Papai Noel.
Já era quase meia-noite. Na sala onde eu estava, nenhum vestígio do Natal. Então, Tata me chama ao andar superior da casa: “Corre que você consegue ver o trenó do Papai Noel deslizando pelo céu”. Esbaforido, ansioso, inquieto, subo os degraus rapidamente e me debruço na janela de onde Tata acompanha o caminho que o bom velhinho traça pelo céu. Eu não vejo nada, mas Tata chama a minha atenção: “Tá vendo aquela luz? É o rastro do trenó dele”. Quase paro de respirar. E não é que eu acho que o estou vendo também. Volto para a sala, onde me espera uma linda caixa embalada para presente. Rasgado o embrulho, me surpreendo com a visão de um brinquedo pra lá de incrementado: uma pista de corrida de motos. O então famoso Moto-Ban, uma espécie de autorama das motocicletas em miniatura. Meu primeiro presente de Natal. Do único Natal encantado que passei na vida. Graças à Tata. Através de cujo afeto fui capaz de ver Papai Noel.
por Marcos Massao