Mundo Caipira
O crítico literário e professor Antonio Candido (Itaú Cultural / Divulgação)
Transpira na décima primeira edição de Os Parceiros do Rio Bonito o que Antonio Candido e os demais participantes do Grupo Clima designaram como “paixão pelo concreto”, uma atitude intelectual rigorosa, apoiada na teoria, mas orientada pela e para a realidade social e cultural. O cuidado editorial de ampliar o conjunto fotográfico e os registros dos “cadernos de campo” preenchidos pelo autor durante a pesquisa etnográfica que deu origem ao livro aproxima ainda mais o leitor da experiência sensível de quem conviveu prolongada e diretamente com o grupo de parceiros que habitava a Fazenda Bela Aliança, situada no município de Bofete (SP), em duas longas estadias, uma no fim da década de 1940, outra em meados da seguinte.
Nenhuma das qualidades do livro, publicado pela primeira vez no ano de 1964 pela editora José Olympio, supera, a meu ver, a de nos fazer viajar pela intimidade do mundo caipira, cuja existência e importância no processo de formação da sociedade brasileira são resgatadas. Nesse passo, um personagem quase esquecido nas grandes “interpretações do Brasil”, em Casa-grande & Senzala, por exemplo, ganha centralidade: o agricultor pobre vinculado à pequena propriedade. Com os Parceiros aprendemos que nas margens da grande propriedade ou longe dela, nas regiões que ela não alcançou, o caipira (ou matuto, sertanejo, caboclo, tabaréu) construiu seu modo de existência sempre digno, embora precário do ponto de vista material.
Em relação à trajetória intelectual de Antonio Candido, muito mais conhecido como crític
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