Motivos para leitura e escuta
Retrato de E.T.A. Hoffmann, autor desconhecido, 1822 (Alte galeria nacional, Berlim / Reprodução)
Em composições de Hoffmann, as correspondências entre filosofia e arte, crítica musical e composição literária
Em Quasi una fantasia, Adorno lembra que, antes de rejeitar o “concerto burguês”, seria preciso colocar-se à escuta de seus defensores, os que dele relatam a história e origem – uma origem tão tenebrosa quanto a sociedade que a ela se atribui. Seria preciso ler, por exemplo, Ernst Theodor Amadeus Hoffmann (1776-1822).
Num espírito bem diverso, mas não menos instrutivo, quem visitar o site da Editora Clandestina poderá ter acesso gratuito à versão digital do livro O melófobo e a quinta sinfonia de Beethoven, que, aqui recomendado, vem ali composto de três peças preciosas. Na primeira, Hoffmann conta a história do menino que “odiava música”, peça de fantasia que pode ser considerada uma miniatura de sua Kleisleriana, ciclo de obras sobre o alter ego do autor, o “genial e incompreendido” mestre de capela Johannes Kleisler. Relato de humor fantástico, do qual não estão ausentes o tédio, o fastio, a aversão e o sofrimento desse menino singular: inteiramente inapto para a educação musical que o pai lhe impõe, já pela tia e pelo mestre de capela, verá reconhecido o seu “senso musical”, um “talento interior” que todavia não consegue se manifestar.
Do ensaio sobre a Quinta Sinfonia de Beethoven, publicado originalmente na Allgemeine Musikalische Zeitung, em julho de 1810, pode-se dizer que contém em linhas gerais toda a estética hoffmaniana, com sua multidão de figuras insólitas, cômicas e sinist
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