‘É impossível fazer política queer sem combater o neoliberalismo’, diz socióloga que introduziu teoria queer na França
A socióloga Marie‑Hélène/Sam Bourcier (Fernanda Paz)
Formada/o em Filosofia na École Normale Supérieure, Marie‑Hélène/Sam Bourcier concluiu doutorado em Sociologia na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, em Paris, e integra o corpo docente da Université Lille 3, na França. Organizou os Seminários do Zoo, grupo de estudos queer, entre 1996 e 2001; traduziu obras da teórica feminista italiana Teresa De Lauretis; e escreveu uma trilogia (Queer zones 1, politiques des identités et des savoirs; Queer zones 2, sex politiques; e Queer zones 3, identités, cultures, politiques) que contribuiu significativamente para a introdução da teoria queer na França.
Você poderia contar um pouco de sua trajetória intelectual?
Marie-Hélène/Sam Bourcier Sou cria do pós-estruturalismo francês, alimentado daquilo que os Estados Unidos chamam de French Theory (Deleuze, Lacan, Foucault, Derrida), em uma escola elitista: L’École Normale Supérieure. A teoria queer da primeira onda, com Butler e De Lauretis, queerizou esses autores, neles injetando uma boa dose de feminismo (que não era seu forte) e desviando alguns de seus conceitos para pensar os gêneros – a performatividade de Derrida na obra de Butler, a tecnologia para Foucault na obra de De Lauretis – a partir de um ponto de vista minoritário e político. Os gêneros foram desvencilhados do sexo dito biológico; sua proliferação se tornou visível e gozante; a drag queen foi elevada ao topo para que se fizesse compreender que a feminilidade é uma performance, uma imitação sem original. Em linhas gerais, entre uma mulher e uma drag qu
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