Margaret & Marilyn
Mais bem definidas pela dicotomia entre elas – uma foi sensual, vulnerável, insegura e desejada; a outra, recatada, indomável, arrogante e temida –, Marilyn Monroe (1926-1962) e Margaret Thatcher, 86, são tema de filmes que chegam aos telões brasileiros neste mês.
A primeira, interpretada por Michelle Williams em Sete Dias com Marilyn, dirigido pelo norte-americano Simon Curtis, transformou-se em um dos maiores símbolos sexuais do planeta. Já a segunda, vivida por Meryl Streep em A Dama de Ferro, da britânica Phyllida Lloyd, foi a primeira e única mulher a ser primeira-ministra do Reino Unido, cargo que exerceu durante 11 anos.
“Eu diria que são opostos, pois uma está em um mundo extremamente feminino, da sedução, e a outra, em um mundo visto como masculino, do poder. A única coisa que as une foi terem nascido com o mesmo sexo biológico”, diz a antropóloga e professora da UFRJ Mirian Goldenberg.
Contudo, aponta uma semelhança crucial entre as duas mulheres: “Ambas são frutos do feminismo. Sem a luta pela igualdade, a luta para que as mulheres chegassem a posições de prestígio e poder, elas não existiriam”, diz.
Em relação a quem acredita ter sido mais relevante, ela opina: “No conceito de imitação prestigiosa, em que homens e mulheres imitam quem tem poder, prestígio e sucesso, eu diria que a Marilyn foi muito mais imitada. Então, se pensarmos em termos de poder simbólico, até hoje ela é muito mais relevante, mesmo que a Thatcher tenha tido um poder mais concreto, que é o político”.
E conclui: “Não consigo pensar em uma imagem tão icônica quanto a de Marilyn com o vestido voando. Já Thatcher é um nome, não há nenhuma imagem dela tão poderosa para estar no imaginário coletivo”.