Antifundamentalismo
Edição do mês(Arte Andreia Freire)
A reflexão sobre a falta de fundamento proposta por Flusser em sua autobiografia filosófica chamada Bodenlos pode nos ajudar a pensar o que é o “fundamento” e o que é o fundamentalismo hoje.
Experimento filosófico poliglota, diálogo entre línguas em que criação e tradução acontecem ao mesmo tempo, a obra de Flusser é o exercício das potências do pensamento na matéria da língua vivida, ela mesma o chão da vasta reflexão do filósofo tcheco e judeu que, por décadas, viveu no Brasil. É nesse espírito que encontramos em sua filosofia uma exposição do sentido produtivo do que ele chamou de “falta de fundamento”.
Bodenlos é o nome de sua autobiografia filosófica publicada em 1992 logo após sua morte. Nela, uma introdução traz o título “Atestado de falta de fundamento” como se fosse um documento. Muito para além de um currículo, de um documentário ou da descrição dos meros fatos da vida, o que interessa a Flusser é a exposição da vida do pensamento e do diálogo objetivo e subjetivo que ele teve com algumas pessoas.
Boiar
Em Flusser a falta de fundamento se relaciona ao que chamamos de “absurdo”. A imagem de flores em um vaso é a primeria metáfora que o filósofo usa para expor a sua questão. Além das flores sem raiz, ele sugere os planetas que se movem sem significado em torno do Sol. Estar boiando, diz Flusser, define o clima da falta de fundamento no sentido de absurdo e falta de significado.
Para ele, as religiões são “métodos de proporcionar fundamento”. A sua falta apavora e se pode re
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