Manuscritos de 200 anos são incendiados em protesto no Egito
Segundo o jornal português Público, o Egito perdeu, no último domingo (18), uma coleção de cerca de 170 mil livros ora abrigados em sua Biblioteca do Instituto Científico Egípcio, no Cairo.
Entre os documentos e mapas históricos danificados, alguns com mais de 200 anos, está a cópia original de Description de L’Egypte, coleção de 24 volumes feita por 160 investigadores sob encomenda de Napoleão durante expedição ao país entre 1798 e 1801.
A obra reunia uma descrição detalhada do Egito, analisando desde sua fauna e flora, passando pela identificação de seus monumentos, até os hábitos, agricultura e comércio de seus habitantes.
O incêndio foi causado por confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes anti-Exército. Segundo o canal televisivo norte-americano CNN, a calamidade teria sido causado por umcoquetel molotov atirado pelos manifestantes.
O ministro egípcio da Cultural, Abdel Hamid, declarou que pretende formar um comitê de especialistas para providenciar o restauro das obras.
(2) Comentários
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A irracionalidade humana supera todas as expectativas. Será que os registros da história da humanidade deveriam ficar sobre a guarda de seus países de origem ou se deveria pensar em um local neutro e salvaguardado por todos para preservar esses registros? Será que os objetos outrora saqueados do Egito e que hoje se encontram em museus do mundo inteiro, principalmente nos da Inglaterra, deveriam voltar para o Egito? Essas perguntas são propícias neste momento, merecem reflexão.
São questões interessantes. Objetos com valor histórico-cultural são extremamente valiosos, o país que os detém tem riquezas a mais, independente da proveniência dos mesmos. Importante discussão. Outra questão muito importante é a respeito da era digital. Será que esses manuscritos já não foram digitalizados em um acervo para pesquisa e preservação? Os governos mundiais deveriam dar mais atenção à isso. Muitas bibliotecas ao redor do mundo devem estar na mesma situação. Como está nossa consciência histórica? Nos preocupamos com o que passou e o que de fato foi registrado, sob milhares de pontos de vista (diários, pesquisas, cartas, embalagens, periódicos, mapas, etc)? Com tanta pressa para alcançar inovações e futuro (a era do i-tudo), muitos se esquecem do valor que os registros tem. Não nascemos de chocadeira e tudo o que existe hoje só é possível devido aos nossos antepassados. Não podemos ignorar nosso valor histórico. Até me passa pela cabeça uma pergunta mais profunda: com tantos “posts” diários em twitter, facebook, blogs que se perdem na massa digital, o que ficará de palpável para os nossos descendentes? De real e relevante? Pra onde estamos caminhando? Qual é a importância que esses registros tem hoje em dia?