Lyotard: para além da condição pós-moderna

Lyotard: para além da condição pós-moderna
Lyotard em 1988 (acervo família Lyotard)
  É bastante frequente lermos em manuais de filosofia e trabalhos acadêmicos a definição geral de que o pós-estruturalismo abrange a produção filosófica daqueles que insistiram em pôr em questão o lugar do estruturalismo e da própria noção de estrutura na compreensão dos fenômenos políticos, econômicos, sociais e culturais. Ao realizarem tal movimento, os pós-estruturalistas teriam acabado por minar toda a rigidez e segurança que o estruturalismo buscava estabelecer nos protocolos explicativos dos fenômenos, em especial no campo das ciências humanas e sociais. Os debates em torno dos limites da linguagem e do discurso, a insistência sobre os conceitos de acontecimento e diferença, tornam-se frequentes em tais filósofos. Por outro lado, tal definição borra os limites que separam filosofias e filósofos bem distintos, tais como Jean-François Lyotard, Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Julia Kristeva e, em certa medida, Michel Foucault. Se tal movimento parece ser constante nessas filosofias, as estratégias e consequências filosóficas de cada proposta são bastante singulares. Quando olhamos para o cenário francês dos anos 1960-1980, vemos uma prevalência de discussões sobre o pensamento de Foucault, Derrida e Deleuze, e um estranho silêncio sobre a filosofia de Lyotard. Apesar de ser uma figura presente e atuante nos grupos de discussão e encontros filosóficos do período, os trabalhos sobre sua produção filosófica começaram a surgir com mais força apenas a partir da década de 1980, como consequên­cia da reverberação

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