Dossiê | Literatura e Experiência
Escritora Paulina Chiziane (Foto Alfredo Cunha)
Mulheres, negros, homossexuais, judeus, imigrantes, trabalhadores e tantos outros grupos historicamente subalternizados têm em comum o registro e a reflexão sobre suas vidas por meio da literatura. A experiência é um dos elementos-chave do poder que obras literárias têm de nos colocar no lugar do outro, ver o mundo a partir de seus olhos e, a partir da sensibilidade, nos fazer compreender o que permaneceria distante ou – de outra maneira – seria relegado à indiferença.
Desde E. P. Thompson passamos a levar a experiência a sério, considerá-la a evidência de injustiças e desigualdades antes não reconhecidas. Na mesma linha dos Estudos Culturais, Raymond Williams buscou sofisticar a noção de experiência sugerindo que ela fosse compreendida como uma “estrutura de sentimentos”, uma maneira de viver em certa época e sociedade. Permaneceu o compromisso de reconhecer o que sentiram e viveram as pessoas de carne e osso, aproximando a história e as ciências sociais dos vencidos pelo tempo, derrotados pelas relações de poder, aqueles e aquelas que foram relegados à coadjuvação nas narrativas dominantes.
O dossiê se inicia com uma análise das relações entre esses relatos portadores de experiências e as tentativas de torná-las fonte privilegiada de saber sobre o mundo social. O texto reflete sobre as razões que levam pesquisadores a buscar em obras literárias um arquivo vivo, muitas vezes mais rico e multifacetado do que o existente nas fontes oficiais. Também explora as diferentes maneiras como a sociologia e outras ciências se volta
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