Língua claudicante

Língua claudicante
  Há muitos anos uma realidade se repete no país e ninguém se ocupa de querer modificá-la. Alunos saem do Ensino Médio e entram nas universidades sem privar da mínima intimidade com o uso da variante escrita culta formal da Língua Portuguesa, em sentido estrito, e com o emprego das inúmeras possibilidades de expressão afetiva e intelectual dessa mesma língua, em caráter mais amplo. Ela é encarada quase sempre como um código estranho, cujo domínio somente é dado a conhecer a um restrito número de usuários privilegiados. Observe-se a grande quantidade de títulos que o mercado editorial despeja regularmente nas livrarias com o objetivo de colocar um “português sem mistérios” ao alcance do cidadão médio. Tentativa tão inócua quanto a oferta regular de cursos de “atualização gramatical” e de “técnicas de redação” ministrados aqui e ali, nos quais o ato de escrever bem costuma ser abordado por meio de uma fraseologia-padrão de curta memória e ampla superficialidade. Não sem motivo, as ações desse rentável “mercado paralinguístico” tendem a redundar em fracasso, uma vez que ler e escrever demandam uma longa e profunda prospecção de natureza cultural e linguística, infensa naturalmente a maneirismos pseudopedagógicos.  Movidos por idêntico automatismo, os indivíduos deixam para trás suas formações universitárias e ingressam no mercado de trabalho com as mesmas dificuldades que os acompanharam durante toda a vida escolar, expressando-se, agora profissionalmente, por meio de uma língua precária, limitada, limita

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