Justiça impede Fundação Palmares de excluir obras do acervo
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, afirmou que vai decorrer da decisão (Foto: Reprodução/Twitter)
A 2ª Vara Federal de São Gonçalo deferiu nesta quarta-feira (23) liminar que impede Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, de doar parte do acervo da autarquia sob pena de multa pessoal de R$ 500 por cada item.
Na última semana, a instituição anunciou que excluiria de sua biblioteca 300 títulos que, segundo a atual administração, refletem uma suposta dominação marxista na instituição.
O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, Dicionário do folclore brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, Almas mortas, de Nikolai Gogol, e O mundo do socialismo, de Celso Furtado, foram algumas das obras consideradas comunistas.
Na decisão, o juiz federal Erik Navarro Wolkart afirma que uma ação como essa teria que ser amplamente debatida com a sociedade, “sob pena de lesão irreparável aos valores das comunidades negras e da sociedade brasileira como um todo”.
No Twitter, Sérgio Camargo afirmou que a Palmares vai recorrer da decisão. Na manhã desta sexta (25), escreveu ainda que pretende destinar os livros excluídos a um “museu do aparelhamento” que será criado na instituição e que, segundo ele, também contará com “o acervo iconográfico que presta culto à vitimização do negro”.
“É preciso expor aos brasileiros que a Fundação foi reduzida a uma senzala marxista durante três décadas”, escreveu.
Vinculada ao Ministério da Cidadania, a instituição foi fundada em 1988 para promover e preservar valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.
“Sérgio Camargo já desqualificou a luta do movimento negro e minimiza os reflexos do racismo na vida do povo negro no Brasil”, afirmam membros do grupo Coalizão Negra por Direitos, que ingressou com ação civil pública contra a retirada dos títulos.