Queerificando Antígona

Queerificando Antígona
WCAntígona, por Frederic Leighton (1830–1896)
  A feminista norte-americana Judith Butler afirma, em Problemas de gênero – feminismo e subversão da identidade, de 1990, que não apenas os gêneros masculino e feminino são identidades socialmente construídas, mas o sexo também. Para que um indivíduo seja identificado enquanto macho ou fêmea, não basta que seja constatada a presença de uma ou outra genitália. O reducionismo biologista e naturalista da sexualidade humana a um binarismo essencial desconsidera o papel que a repetição reiterada de gestos, práticas e falas possui na configuração da sexualidade. As identidades sexuais e de gênero são construídas a partir de uma heterossexualidade normativa, imposta através de dispositivos culturais e políticos hegemônicos. Butler associa o feminismo à teoria queer. Os teóricos queer consideram que o entendimento de, virtualmente, qualquer aspecto da cultura ocidental perpassa uma análise crítica da definição moderna de homo/heterossexual. Apontam para as formas mediante as quais a ação excludente e estimagmatizante da matriz sexual normativa produz contrarreação nos corpos excluídos. Em Problemas de gênero, Butler aponta para as limitações do emprego não crítico da categoria/sujeito “mulher” nas lutas feministas pelo reconhecimento moral e político de suas identidades. Na medida em que é constituída dentro do modelo dicotômico excludente da matriz heteronormativa, essa categoria é forjada pelos dispositivos discursivos normativos de dominação patriarcal. O sistema binário sexual não é moralmente neutro, ele privi

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