Judith Butler, condições de vida e o horizonte do representável
Judith Butler, São Paulo, 2015 (Foto Fanca Cortez)
Judith Butler é uma das mais instigantes intelectuais da atualidade e vem trilhando uma trajetória ímpar, com contribuições incontornáveis em diversas áreas do conhecimento. Constante em sua obra é sua capacidade de ser afetada pelos encontros, engajamentos e debates, produzindo reflexões em torno das indagações que surgem dos acontecimentos. No Brasil, poderemos acompanhar mais de perto esse percurso com o lançamento de dois de seus livros: Relatar a si mesmo: crítica da violência ética (Autêntica Editora) e Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto (Civilização Brasileira).
Relatar a si mesmo
Desde Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, Butler enfrentou uma crítica sobre certa pressuposição da presença, em seus trabalhos, de um sujeito autônomo e soberano de seus atos e desejos. Em direção contrária a essa crítica, diversos e reiterados textos de Butler revelam como o sujeito está comprometido com o poder e que sua ação é, simultaneamente, interna e externa ao poder. Sendo assim, a capacidade de ação não pode ser imaginada a partir da perspectiva de um sujeito voluntarista, livre para escolher irrestritamente. Butler volta a esse tema em Relatar a si mesmo – livro composto por textos que surgiram em 2002, nas Conferências Spinoza realizadas na Universidade de Amsterdã. O tema central é a ideia de que, para sermos inteligíveis, devemos estar fora de nós mesmos, pois somos constituídos pelos outros – cercados por convenções e regras que nos afetam, dependemos dos outros para viver. Po
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