Amor e ódio: a inveja em perspectiva teológica

Amor e ódio: a inveja em perspectiva teológica
Detalhe da tela “Caim matando Abel” (1600), de Peter Paul Rubens
  Abordar teologicamente algo significa analisá-lo da perspectiva da relação que se crê haver entre ele e uma realidade considerada transcendente, princípio e fim de todas as coisas visíveis e invisíveis. Essa realidade ou ser costumam ser denominados Deus; e as religiões, surgidas como forma de exprimir o encontro dos indivíduos com Deus, atribuem a ele diferentes rostos segundo o modo como se dá tal encontro. Por conseguinte, as religiões terminam por produzir visões de mundo em função de sua visão de Deus. No caso de nosso mundo dito ocidental, a influência cultural coube historicamente ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo, religiões que reivindicam, cada uma a seu modo, a herança da experiência e da doutrina provindas da personagem bíblica de Abraão (cf., por exemplo, Gênesis 11, 17 e 25,11; 12, 1-3 e 22, 1-4). Com ele se terá inaugurado, em meio ao panteão das religiões antigas, uma visão de Deus como “alguém” interessado pessoalmente na felicidade de todos e cada um dos seres humanos. Como dirá Deus pela boca do profeta Isaías: “Não temas, porque te resgatei; chamei-te pelo teu nome, tu és meu!” (Isaías 43, 1; 49, 15). Inveja e benevolência: fechamento e abertura essencial Já com textos judaicos anteriores ao advento de Jesus de Nazaré, mas sobretudo com a literatura judaico-cristã dos séculos 1-8 EC, lançaram-se os fundamentos de uma valorização inédita do conhecimento da natureza humana, pois conhecê-la significava conhecer também a Deus. O dado bíblico do amor pessoal de Deus por toda criatura

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