Interdependência, cooperação e parceria nas florestas de castanhais

Interdependência, cooperação e parceria nas florestas de castanhais
(Ilustração: Shutterstock)
  Nos últimos anos, os conhecimentos tradicionais e locais sobre a natureza e o meio ambiente têm ganhado destaque nos debates sobre as mudanças climáticas e as transformações ambientais em escala global. Existem alguns aspectos constituintes desses conhecimentos que fundamentam as razões pelas quais isso está acontecendo. Neste texto, a partir da minha convivência com povos indígenas e tradicionais habitantes da Floresta Amazônica, destacarei um deles – creio que valioso para ajudar a refletir sobre nossas conexões com a natureza e o meio ambiente. O aspecto que eu gostaria de salientar é o enfoque multicentrado dos conhecimentos locais e tradicionais quando considerada a posição dos seres não humanos e dos entes que entendemos como “inanimados” – rios, florestas e montanhas – em relação à humanidade. Algo importante e que dá vivacidade a esse enfoque é o princípio da interdependência, que explica, de acordo com cada cultura, as conexões entre diferentes formas de vida e de existência e que orienta as maneiras como nós, seres humanos, devemos nos relacionar com elas. Entre os povos indígenas e tradicionais, o princípio da interdependência postula que se deve prezar pelo cuidado e pela responsabilidade nas relações com outros seres vivos e entes que povoam o cosmos. Por essa razão, tais relações são sempre apoiadas por códigos de ética e pactos que devem ser respeitados, e isso é especialmente enfatizado nas interações, como a caça e a pesca, que impõem sofrimento e implicam o poder humano sobre a vida de outros se

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