Gerações coca-cola

Gerações coca-cola
Os  recém - casados da Torre Eiffel, quadro de Marc Chagall/Reprodução
  Filmes velhos levam vantagem sobre livros desprezados pela atualidade. Canais na televisão obrigam olhos e memória a revisitá-los. A menina prodígio Shirley Temple ainda faz caras e bocas na telinha. Com trejeitos matreiros de quem hoje estaria a rebolar na dança da garrafinha, desarma os telespectadores pela ingenuidade sedutora. Não há como estancar o jorro insalubre das lembranças cinematográficas. Com a intermitência de latido de cão na madrugada, a menina prodígio reaparece ao toque do dedo entediado no controle remoto. Olhos e memória encontram-se fechados para os best-sellers de Minou Drouet, menina prodígio francesa e poeta lírico-sentimental. Editora alguma no mundo incentiva velhos e novos leitores a reabrirem as páginas de Arbre, Mon Ami (1956), livro de estreia em que mistura poemas e cartas escritos aos 8 anos. A editora Julliard falou de “Affaire Drouet”, como se tinha falado de “Affaire Dreyfus” no início do século 20. As enciclopédias não mais registram o nome de Minou. Só o Google. Os fados são implacáveis com o lixo literário. Telespectadores são mais entediados e menos exigentes que leitores? Insensível ao fenômeno da menina poeta, Jean Cocteau diagnosticou: “Todas as crianças de 9 anos são geniais, menos Minou Drouet”. A Elle publicou artigos em que afirmava que poemas e cartas teriam sido escritos pela mãe adotiva. A Paris Match deu o troco: fotografou a menina a escrever, como se fosse Chico Xavier criança. Os versos eram ou não eram da menina prodígio? O escândalo transformou-se

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