Uma geografia da diferença

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Uma geografia da diferença
Gilles Deleuxe e Félix Guattari, famoso por colaborar com Deleuze em livros como 'O anti-Édipo: Capitalismo e esquizofrenia' (Foto: Marc Gantier/Getty)
  Na base do pensamento de Gilles Deleuze está a ideia de que a Filosofia é produção ou, mais propriamente, criação de pensamento, tal como são as outras formas de saber, sejam elas científicas ou não. Mas se o pensamento não é privilégio da Filosofia, isto é, se filósofos, cientistas e artistas são, antes de tudo, pensadores, isso não quer dizer que Deleuze assimile os diferentes domínios de pensamento. A distinção das formas de criação que caracterizam os vários saberes foi formulada de modo sistemático em O que é a Filosofia?, quando ele assinalou o fundamental da diferença constitutiva do saber filosófico: enquanto a ciência cria funções e a arte cria agregados sensíveis, a Filosofia cria conceitos. Partindo da posição de que, para Deleuze fazer filosofia é criar conceitos, podemos perguntar: como são criados os conceitos de sua filosofia? Procurando responder a essa questão cheguei à seguinte conclusão: sua filosofia é um sistema de relações entre conceitos oriundos da própria Filosofia, isto é, de filósofos por ele privilegiados em suas leituras, e conceitos suscitados pela relação entre conceitos filosóficos e elementos não-conceituais – funções e sensações – provenientes de domínios exteriores à Filosofia. A característica mais elementar da relação entre a filosofia de Deleuze e os pensamentos filosóficos, científicos e artísticos é o fato de ela se propor mais como uma geografia do que como uma história, isto é, o fato de ela considerar o pensamento não por intermédio de uma dimensão

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